Há melhor maneira de acabar uma semana exaustiva? Até pode haver, mas ir ao Teatro Nacional de São Carlos (TNSC) é sem dúvida uma das melhores, sobretudo, para ver um grande concerto dedicado a um dos maiores e melhores compositores de sempre, Giuseppe Verdi. No ano em que se comemoram os 200 anos sobre o nascimento do compositor, esta foi mais uma belíssima homenagem que o TNSC lhe fez.
Foi, também, mais uma grande noite para o Maestro Rui Pinheiro que, sem dúvida alguma, demonstrou a sua vocação e toda a paixão que tem por conduzir grandes orquestras. A sua direcção foi brilhante, o que revelou dias árduos de trabalho com todos os envolvidos neste concerto. Notou-se, com a entrega neste concerto, a paixão naquilo que todos os presentes em palco (e fora dele) mais gostam de fazer – música!
O programa da noite não variou muito no que toca aos excertos tocados, dando homogeneidade ao concerto que começou com a Abertura de La Forza del Destino, seguido do coro feminino Che Faceste? Dite su! e o coro misto Patria Opressa! Il Dolce Nome (Coro di profughi scozzesi), da ópera Macbeth, onde foi sentido a dor e o peso, típicos das tramas Verdianas.
De um drama pesado passámos para uma ária romântica da ópera Rigoletto, Caro NomeI, interpretado pela soprano Bárbara Barradas. Que muito embora tenha uma voz dulcíssima e muito bonita, ainda não enche a sala, revelando o início de carreira e amadurecimento por vir. Seguiu-se Eri tu che macchiavi quell’anima, da ópera Un Ballo in Maschera, interpretada pelo barítono Nuno Pereira, que a interpretou bem e mostrou ser um bom cantor. Seguiu-se uma nova intervenção do Coro, desta vez para interpretar Vedi! Le Fosche Notturne Spoglie, o famoso coro das bigornas da ópera Il Trovatore, uma actuação que foi continuada pelo tenor Marco Alves dos Santos, que, com a sua voz, encheu de calor, magia, alegria e música toda a sala, interpretando Ella Mi Fu Rapita! De Rigoletto e mostrando todo o seu carácter como cantor.
Quase a terminar o concerto houve ainda tempo para mais dois coros, o primeiro da ópera Otello, Fuoco di Gioia! Alegria (gioia), que o Coro do TNSC soube transmitir tão bem ao público, e o segundo coro foi o já expectável Va’, Pensiero, Sull’ali Dorate de Nabbuco. Para se despedirem da boa noite proporcionada, os solistas interpretaram o quartero da ópera Rigoletto, Un dì, Se Ben Rammentomi. Este momento foi protagonizado pelo tenor Marco Alves dos Santos e pela mezzo-soprano Maria Luísa de Freitas, quem brilharam e encheram a sala com os seus carácteres e interpretando muito bem as suas personagens. A mezzo-soprano deixou, ainda, a sala curiosa por ouvi-la numa Stride la Vampa, dada a sua belíssima voz.
Como já era espectável, o concerto acabou com Gloria all’Egitto, de Aida, que incluiu a marcha triunfal, Ballabilli e Vieni, o Guerriero Vindice. Enchendo o peito do público com mais alegria, emoção e elogios.
Coro, Orquestra e Solistas receberam aplausos, “bravo” e pedidos de mais uma música. Interpretaram, então, Il Brindisi da famosíssima La Traviata, em que mais uma vez se viu o tenor e a soprano a brilharem conjuntamente com o coro e a orquestra, que foram incansáveis ao longo de todo o concerto.
Foi mais uma grande noite no Teatro Nacional de São Carlos, mais uma excelente homenagem a Verdi.