Contra tudo e contra todos, Donald Trump foi eleito Presidente dos Estados Unidos da América (USA). Confesso que fiquei um tudo ou nada surpreso quando soube de tal, mas após uma breve reflexão acabei a concluir que tal é perfeitamente normal dado que falamos de um povo que, para além de racista, paranóico e narcisista é profundamente idiota. Só assim se explica que um racista, paranóico, narcisista e profundamente idiota como Donald Trump tenha sido eleito Presidente dos USA. Somente quem acorda todos os dias a cantar “Star and Stripes Forever” é que pode discordar de tal.
Mas apesar de tudo há que fazer aqui uma importante distinção. É que nem toda a América é a América de Trump. Passo a explicar.
Vamos imaginar que os USA da seguinte forma. De um lado temos a costa oeste e a costa leste. No meio temos a centro dos USA. As costas representam – simbolicamente falando – 10% da população norte-americana (cada uma). A do centro representa 80% da aqui referida população.
Agora tenhamos em atenção um importante pormenor: em ambas as costas dos USA temos uma população diversificada em termos de raça e cor e que, por força da sua história, sofreu influências europeias. Tal faz com que estas populações vejam e sintam o mundo quase da mesma forma que nós (europeus). Já a população que reside na parte central dos USA – e que constitui a maior fatia populacional do país – é egocêntrica, fechada em si mesmo, orgulhosa, belicista e ignorante. É nesta parcela populacional que ainda residem as “feridas” (racismo e outras coisas tais) antigas dos Estados Unidos da América.
Feito este simples e realístico exercício, passemos então a uma segunda fase. Vamos agora acrescentar os seguintes factos: crise imobiliária, colapso da banca e desemprego galopante. São três “coisinhas” que correram – tal como nas costas oeste e leste – toda a parte central dos USA e, inclusive, devastaram cidades inteiras. Nos últimos 8 anos, a administração Obama tentou resolver todos os problemas provocados pela crise imobiliária/colapso da banca/desemprego galopante, mas sempre com relativo sucesso, pois o problema maior não reside – somente – nos Estados Unidos da América, mas sim em todo um Mundo que está completamente entregue a um sistema capitalista que está muito próximo do colapso.
Ora é neste cenário que fomos montando até aqui que Donald Trump concorreu às primárias do seu partido. E não lhe foi nada complicado vencer as ditas dado que este se limitou a explorar o que tinha em seu redor dizendo aquilo que a América queria ouvir. O mesmo acabou por suceder na eleição para Presidente dos Estados Unidos da América com a agravante de que a sua opositora – Hillary Clinton – esteve envolvida numa série de escândalos. Não admira, repito, que a eleição de Donald Trump tenha sido perfeitamente normal.
O que podemos – e devemos afirmar – é que esta eleição de Trump acabou, no fundo e no cabo, por ser uma vitória da América sobre a América. Colocando isto de outra forma, a América dos idiotas derrotou a América com a qual muitos de nós (europeus) nos identificamos e respeitamos.
Uma nota final sobre as manifestações daquela América que não se identifica com Trump. Todos têm o direito de manifestar o seu desagrado. Convêm é que haja alguma coerência senão acabam por ser tomados por idiotas. Vem isto a respeito da razão das manifestações contra o sistema eleitoral norte-americano. Quer dizer, primeiro aceitam as regras do jogo e depois contestam as ditas porque o resultado final não é do seu agrado? Citando um excerto da canção “American Idiot” da banda norte-americana Green Day:
Don’t wanna be an American idiot.
Don’t want a nation under the new mania
And can you hear the sound of hysteria?
The subliminal mind fuck America.