Que tarde magnífica essa de 2 de fevereiro do corrente ano. Tarde magnânima no dia da festa litúrgica da Apresentação do Senhor, tão bem celebrada pela festa vivida na exímia apresentação pública do «Te Deum» de vida do caríssimo compositor Cón. António Ferreira dos Santos. Com esta estreia absoluta quis assim o seu criador dar graças ao sumo Criador pelo seu dom de vida (com 88 anos de idade), através de mais uma sua manifestação de extrema genialidade e magistralidade musical, em verdadeiro compromisso espiritual e eclesial. Não esqueçamos, e fazendo-lhe uma vénia digna de justiça, que este prelado é dos maiores mestres – senão mesmo o maior e ainda vivo! – da Música Sacra e Música Litúrgica em Portugal, reconhecido internacionalmente. Não esqueçamos que é Comendador da Ordem do Infante D. Henrique, Comendador da Grã-Cruz de Mérito Cultural da República Federal da Alemanha e já foi agraciado com duas medalhas: a de Ouro da cidade do Porto e a de Mérito Cultural de Santo Tirso.
E a tarde foi magnífica e magnânima! Nas palavras de abertura e saudação, o vice-presidente do Coro da Catedral do Porto (organização), o músico Miguel Simões, realçou que esta obra é “provavelmente o primeiro grande «Te Deum» coral-sinfónico em língua portuguesa”, sendo constituída por sete andamentos. E desejou, por fim, que esta seja “uma experiência enriquecedora e inspiradora para todos nós”.
E a tarde foi magnífica e magnânima! Quão magnífica foi também a adesão de tantos e tantos que (pre)encheram por completo a igreja de S. Martinho de Cedofeita, no Porto (cerca de 800 pessoas no total, com os artistas intervenientes), com presenças destacadas do bispo do Porto, D. Manuel Linda, e do bispo auxiliar emérito, D. António Taipa. E tantos que mesmo de pé estiveram e resistiram ao longo de duas horas, ocupando os corredores laterais para escutar os magníficos Coros da Sé do Porto, do Conservatório de Música do Porto e do Secundário da Academia de Música de Costa Cabral, acompanhados pela Orquestra Sine Nomine e o grande órgão de tubos, magnificamente dirigidos pelo maestro Tiago Ferreira. Sem esquecer as magníficas vozes dos solistas: a soprano Raquel Mendes e o tenor Sérgio Martins.
E a tarde foi magnífica e magnânima! Como foi igualmente soalheira, com Luz, muita luz que não apenas a solar mas a da Fé, em dia de Candelária (dedicado a N. Sra. das Candeias). Luz da contemplação e da reflexão que esta portentosa obra proporcionou e fez aclarar as mentes e aquecer os corações da assembleia ali unida e reunida, com forte presença da Comunidade da igreja de N. Sra. da Lapa (onde o Cón. Santos é reitor emérito, tendo servido distintamente a mesma por algumas décadas, tendo-lhe sucedido o estimado P. Agostinho Pedroso).
E a tarde foi magnífica e magnânima! Tão magnífica que, no meu íntimo, me sentia como Maria, aquando da sua proclamação do «Magnificat». Não duvido que tantos de nós ali presentes proferiram interiormente tal como Ela, sem palavras, mas em silêncio orante: “A minha alma glorifica o Senhor…”. Só temos de agradecer plenamente a Deus, e juntarmo-nos a essas 160 vozes de louvores gloriosos que cantaram e encantaram, pela vida do Cón. Ferreira dos Santos e por este seu magnífico «Te Deum». Prestemos-lhe festiva e eterna Gratidão! E a tarde foi magnífica e magnânima! Ao olhar para o alto, durante o concerto, e apreciando a música angélica e celestial que ali se adentrava, reparei pelo reflexo que por detrás do vitral frontal que encima a parede (e a une ao teto), passinhavam duas pombas. Primeiro, indo uma ao encontro da outra, vindas de direções opostas. Seguidamente, saltitando de alegria as duas juntas, já que uma ao lado da outra. E, depois, abriram as asas e levantaram voo. Assim foi a realidade personificada, por essa linda imagem metafórica. Voamos todos com essas pombas brancas e parecia-nos estar a viver um sonho divino, naquele paraíso terrestre pela beleza da arte tão musical quão espiritual. Por tudo isso, e muito mais, que tarde essa tão ricamente magnífica! Tão magnanimamente rica! Um bem-haja, a todos os envolvidos.
Eu também estive a olhar para o alto, a apreciar as pombas. 😊