Andamos numa correria descompassada, queremos agarrar o tempo que, pensamos, nos escapa pelas mãos.
Raramente paramos para refletirmos quem somos e o que estamos a fazer aqui. Esquecemos de observar as pequenas coisas da vida que nos podem ensinar tanto: uma flor, as ondas do mar, a chuva a bater na vidraça, a natureza que todos os dias nos dá lições.
Esquecemos de caminhar com os pés nus no chão e escutar e apreciar o que nos rodeia.
Esquecemo-nos de olhar nos olhos de quem está à nossa frente, de brincar, namorar, abraçar, saltar, correr, rir, ou apenas meditar.
Sobretudo, esquecemos de parar e silenciar para auscultar a razão da nossa existência neste “vai e vem” para TER, deslembramo-nos da efemeridade da vida e do seu sentido.
Tornámo-nos máquinas imparáveis olhando para o futuro, esquecendo o presente, vítimas do stress constante a que o poder do consumismo nos submete. Somos engolidos por um sistema mecanizado, absorvidos pelas redes sociais e fuzilados pelos media.
Nesta época de Natal, absorvidos pela correria das compras e dos preparativos que o consumismo exacerbado exige, por que não parar e meditar um pouco sobre nós mesmos? Porque não refletir sobre o nosso papel na sociedade, já que deveríamos estar imbuídos do espírito natalício?
Aproveitemos para recordar os nossos tempos gloriosos da infância, as longas conversas à mesa na consoada, o quentinho da lareira, os abraços, os colos, os cheiros a especiarias, filhós e arroz-doce das avós, as histórias de Natal contadas aos netos, o sapatinho na chaminé. Sem as distrações das tecnologias que nos rodeiam. Depois, o amanhecer de um novo dia, a alegria da surpresa no sapato – um simples chocolate embrulhado em prata ou um simples brinquedo de plástico.
Há que parar para nos vermos, ouvirmos e abraçar. Agora. No Natal. Sempre.
Nota: Este texto foi redigido segundo as regras do Novo Acordo Ortográfico