A realização pessoal na área da carreira está guardada apenas para alguns felizardos.
Somos programados a permanecer naquilo que nos foi dado conhecer desde sempre, “aquilo que já o meu pai, o meu avô, faziam” e é o que continuamos a fazer na nossa vida, na nossa rotina diária.
As regras normais do plano que nos assiste obriga-nos a seguir uma certa ordem: crescer, estudar, constituir família, trabalhar e ganhar dinheiro para o seu sustento, sob pena de sermos marginalizados na sociedade ou rapidamente nos tornarmos uns “sem abrigo”.
Acredito que este paradigma esteja em fase de mudança e que as gerações vindouras já possuirão outros valores.
Sabemos que todos temos um dom. Mas esse atributo é quase sempre ignorado por nós próprios e pelos outros. Excetuando os que se dedicam às artes por genuína vocação, creio que são raros os que se sentem realizados na carreira.
Somos seres mutáveis, inclusive no que se refere aos nossos interesses e aptidões que estão sempre a variar, na maior parte das vezes. Essa tal realização no trabalho tão desejada é um conceito, por isso, um pouco ilusório ou temporário.
Teria que haver uma grande reestruturação, começando em crianças, nas escolas e no seio familiar, com vista a descobrir e incentivar a desenvolver esse dom que cada um traz consigo na sua essência. Mesmo assim, algumas profissões ficariam de lado, por não existirem adeptos.
Sabemos que todos os trabalhos nas múltiplas áreas são necessários para a sociedade.
O cerne da questão está na descoberta do nosso propósito de vida, segundo os nossos valores. Aceitar que os nossos interesses mudam. Aos quarenta podem ser diferentes de aos vinte e cinco anos. Claro que podemos sempre ajustar o percurso, se a isso nos for dado oportunidade. Porque as oportunidades ou a sorte, como se queira designar, nem sempre aparecem no caminho ou nem sempre estamos atentos para a/as agarrar.
Portanto, há que explorar esse caminho, ajustando-o. Faz sentido encontrar essa direção no AGORA.
Mas, afinal, o que é uma carreira satisfatória? Será, porventura, uma combinação do que se gosta de fazer (uma paixão/interesse), o talento (o que se faz bem), a oportunidade/necessidade (o que é valorizado pelo resto do mundo, grosso modo).
Há que experimentar, testar. Só assim, será possível concluir se um caminho faz sentido. Errar, cair, voltar a levantar, fazem parte da aprendizagem. Mudar de área, fazer novos cursos, voluntariado, por exemplo, podem ser modos de auxílio nessa busca.
Pensar em “satisfação dinâmica”, ou seja, aprendizagem e evolução constantes; ser autónomo, dando espaço para aprender; não só fazer; reconhecer o impacto que o trabalho pode ter para o bem comum, e, muito importante, dar espaço para lazer e vida pessoal, familiar e relacionamentos. A isso se chama equilíbrio, o que é raro atingir nos dias de hoje.
Para ajudar nestas questões da realização na carreira, seria útil a introspeção e colocar-se algumas reflexões pessoais: o que realmente me faz vibrar e sentir vivo no trabalho ou no estudo? Que tarefas me fazem perder a noção do tempo? Se não houvesse limites financeiros, que tarefas gostaria de fazer? Que causas ou problemas no mundo, gostaria de ajudar a resolver?
Não devemos cair na armadilha que nos impede de sermos nós mesmos, só porque temos que subsistir e seguir as regras impostas.
Sabemos que os obstáculos e limitações são enormes no campo do trabalho/carreira, mas não devemos ficar parados na nossa zona de conforto (desconfortável), acomodados, talvez a vida toda, num sítio no qual nos sentimos todos os dias a morrer por dentro, só porque temos medo da mudança e suas consequências.
Face à rápida evolução tecnológica e da IA, aproximam-se tempos em que cada vez menos haverá necessidade de mão humana nos trabalhos. Contudo, sabemos que nenhuma máquina nos substituirá por completo.
Preparemo-nos!
NOTA: Este artigo foi redigido segundo as normas do Novo Acordo Ortográfico.
Querida avó Ondina,
que delicioso texto 🫶 tão lindo que me comovi 😵😭 revejo me muito nestas palavras, também eu troquei o “certo” pelo “incerto” (pensava eu🥹😱) !
Mas deparo me com uma felicidade imensa, onde tenho TEMPO para as minhas filhotas, onde as posso acompanhar e orientar, não me sentindo falsa mãe, por as ver pelas sombras das fotos e correria do dia a dia!!!!
Manteho me na educação, que tanto adoro e amo 😍 mas com outros olhos 😉.
Olhos de quem escolheu como queria viver e a que intensidade 🤓
Resta me dizer que adoro os seus textos e acompanho sempre com orgulho 🫶😍
Beijinhos grandes,
educadora “especial ” Luísa 😘