I’m the thing that monsters have nightmares about.
– Buffy
Esta série acompanha a vida de Buffy Summers (Sarah Michelle Gellar) que tenta conciliar a sua vida de estudante em Sunnydale com o facto de ser a escolhida desta geração para acabar com todos os vampiros.
Buffy, A Caçadora de Vampiros é um dos grandes marcos na televisão de todo o mundo e eu adorei experienciar este universo de inicio ao fim.
Para além de ser inovadora na forma em como usa o seu diálogo irreverente como grande motor de toda a trama, consegue trazer temáticas do sobrenatural, de orientação sexual e com episódios que, literalmente, forçaram a série a reinventar-se com uma direção constante e progressiva entre “infanto-juvenil” nas suas primeiras temporadas para “conteúdo mais adulto e maduro” na sua fase final.
Falando em personagens, os valores e personalidade da nossa protagonista Buffy foram construídos por várias amizades. Willow Rosenberg (Alyson Hannigan) é uma das mais interessantes e complexas personagens da série. É a melhor amiga de Buffy durante toda a jornada e ela própria atravessa um arco muito especifico com várias fases diversas enquanto se tenta encontrar a si mesma, sempre com a peculiaridade e empatia que a atriz traz ao personagem. Xander Harris (Nicholas Brendon) começa como o amigo que se apaixona por Buffy e que é muito azarado no campo amoroso, e ele próprio tem a sua evolução, com mais consistência em personalidade que Willow. Por fim, e olhando apenas para o elenco fixo durante toda a jornada temos Rupert Giles (Anthony Head), um bibliotecário que claramente sabe mais que todos à sua volta sobre vampiros e sobre o mundo mais “escuro” de Sunnydale.
Antes de passarmos a spoilers referir a magistral atuação de James Masters no papel de Spike, uma personagem que claramente entra na série como o vilão de um episódio mas o charme sadístico do ator acabou por transformar uma personagem temporária numa das mais fulcrais para a longevidade da série.
Mais abaixo, falarei das restantes personagens marcantes, das melhores temporadas e episódios. Esta série tornou-se uma referência de culto e com boas razões para tal, servindo também da inspiração para inúmeras séries que lhe seguiram e é por isso uma jornada que aconselho a todos.
* CUIDADO COM SPOILERS *
A história de Buffy é tão interessante quanto trágica e é muito interessante ver como uma aparente “série juvenil” quase ao nível de um “Dawson’s Creek” ou “The O.C.” passa de forma gradual para uma série que pode de facto assustar e chocar os seus espectadores com mortes inesperadas, episódios aterradores em conteúdo com muitas cenas impróprias para jovens assistirem.
Entre mais que uma morte da personagem principal (que regressa sempre), um passado obscuro de Giles, um estado de loucura e malvadez de Willow e uma personalidade de carácter duvidoso por parte de Xander, todas as personagens têm camadas a ser exploradas.
Outras personagens que não referi acima mas que merecem uma menção são:
- Angel (David Boreanaz) – O primeiro amor de Buffy e que acaba por sair da série atempadamente e criar um spin-off que acaba por ter um sucesso muito significativo, chamado precisamente Angel;
- Anya (Emma Caulfield Ford) – Um “demónio” que acaba por conquistar os espectadores e também Xander e criando com ele um dos melhores casais de toda a série.
- Tara (Amber Benson) – A personagem que faz Willow perceber a sua verdadeira orientação sexual e com um dos finais mais trágicos e inesperados em toda a série.
- Oz (Seth Green) – O primeiro namorado de Willow mas que acaba por ter uma vida dupla como lobisomem, ainda assim foi um ótimo suporte nas suas várias aparições.
- Dawn (Michelle Trachtenberg) – A irmã de Buffy que surge de forma repentina mas que depois tem um dos melhores twists da história e que faz com que não seja uma incoerência da série o facto de não a conhecermos antes.
Tudo isto saiu da cabeça do grande Joss Whedon, um escritor conhecido pelo seu engenhoso diálogo que mistura inteligência com humor com uma dose saudável de rebeldia.
Para terminar vou mencionar 3 episódios mais marcantes de toda esta jornada e que reinventaram a série sempre com um particular uso de sonoridade:
- T06E07 Once More, With Feeling – O sétimo episódio da sexta temporada de “Buffy” é um marco não só para a série como para a televisão em geral. O episódio lida com um feitiço em que toda a cidade de Sunnydale começa a cantar de forma involuntária. Letras incriveis e que encaixaram perfeitamente no momento da história ofereceram o melhor episódio de sempre da série e um dos melhores de sempre na televisão.
- T04E10 Hush – Joss Whedon sempre foi “acusado” de suportar todas as suas obras em bom diálogo, e por isso mesmo, este decidiu provar que conseguia fazer um bom episódio sem qualquer diálogo. É isso mesmo, neste episódio existe um feitiço que silencia a cidade e ninguém fala. Estranhamente é um dos melhores episódios da série e um dos mais reconhecidos pelos espectadores.
- T05E16 The Body – Este episódio retrata a reação de todas as personagens à morte de Joyce (Kristine Sutherland), a mãe de Buffy. Não é dos meus episódios favoritos mas é inegável como consegue ser diferenciado não havendo qualquer banda sonora e com cenas que demoram imenso tempo. Um retrato fiel de como luto nos faz sentir.