A Divina Comédia

Dante, Dante, Dante, Dante… O que tu foste fazer, poeta? Hoje venho falar sobre um livro que foi escrito no início do século XIV, durante o período do Renascimento.

O seu autor é Dante Alighieri, nasceu em Florença no ano de 1265 e faleceu no ano de 1321.

Apesar de ser casado, com Gemma Donati, nunca escondeu os seus sentimentos por Beatriz Portinari. Até escreveu um livro (“Vida Nova”) em que retrata muito os seus sentimentos por ela.

A Divina Comédia é narrada na primeira pessoa e Dante, além de ser o narrador, é ainda a personagem principal. (Parece que estou a descrever o meu menino literário, “Aquela Viagem a Nova Iorque“)

Neste livro o autor o autor descreve o seu trajeto no inferno, no purgatório e no paraíso.

São cem cantos, com aproximadamente cento e quarenta versos em cada canto. Os versos foram escritos em tercetos de decassílabos, com o esquema de rimas alternadas e encadeadas (ABA BCB CDC).

Nesta obra temos história, religião, política, filosofia e mitologia.

Está dividia em três partes. Sendo elas, o inferno, o purgatório e o paraíso.

No inferno, aparece-nos logo Virgílio, um grande poeta romano, para guiar Dante pelo inferno, pelo purgatório até que consegue chegar ao paraíso. E que diz a Dante que Beatriz desceu ao paraíso.
O inferno está dividido em nove círculos (segundo a cultura medieval). E estes círculos estão associados a pecados do menos grave ao mais grave.

Primeiro círculo: o Limbo (virtuosos pagãos)
Segundo círculo: Vale dos Ventos (luxúria)
Terceiro círculo: Lago de Lama (gula)
Quarto círculo: Colinas de Rocha (ganância)
Quinto círculo: Rio Estige (ira)
Sexto círculo: Cemitério de Fogo (heresia)
Sétimo círculo: Vale do Flegetonte (violência)
Oitavo círculo: o Malebolge (fraude)
Nono círculo: lago Cocite (traição)

Até chegarem ao destino final, o paraíso, eles encontram várias pessoas importantes, tais como poetas, escritores e filósofos.

Temos até um encontro com Lúcifer. Que acho que não precisa de apresentações.

Em relação ao purgatório.

O Purgatório é localizado numa montanha muito alta, o nosso poeta descreve o local como sendo onde as almas esperam para serem avaliadas. Nada que nós não temos ouvido ao longo dos anos na história e na catequese.

O purgatório está dividido em dez.
Primeiro:
Ante-Purgatório – onde as almas aguardam
– Excomunhão
– Arrependimento tardio
– Porta do Purgatório

Baixo Purgatório (amor pervertido): onde estão as almas dos que corrompem o amor
– Orgulho
– Inveja
– Ira e rancor

Médio Purgatório (amor falhado): onde estão as almas dos que não conseguiram amar
– Preguiça

Alto Purgatório (amor excessivo): onde ficam as almas daqueles que amaram em demasiado
– Avareza e gastança ostensiva
– Gula
– Luxúria

E por fim:
Parede de fogo (Paraíso Terrestre)

Chegando ao paraíso, Virgílio tem que voltar para trás, pois como era pagão fica mesmo ali no inferno.

Aqui Dante encontra o seu grande amor, Beatriz.

Mas o nosso poeta não pode ficar com ela, pois a sua jornada na terra ainda não está acabada.

Portanto, a visita de Dante tem um alto teor moral, que serve para o mesmo refletir. Que termina quando Dante encontra Deus.

Existe um filme sobre este livro. Tem o nome da obra “A Divina Comédia”, foi lançado em 1991, e foi realizado pelo nosso Manoel de Oliveira.

CURIOSIDADE:
O adjetivo “Dantesco”, que provavelmente já foi escutado por alguns de nós, é utilizado para descrever algo terrível e/ou tenebroso.

Lendo assim o livro não passa de uma obra estranha e de teor académico. Mas acreditem que não o é.

Eu quando comprei o livro, optei por comprar a versão em italiano com tradução para português e aconselho vivamente a que o façam. A leitura tem outro sabor e saber.

Deixo-vos um excerto de uma das minhas partes favoritas da obra.

“Assim em forma cândida de rosa
se me mostrava essa milícia santa
que no seu sangue Cristo fez esposa;
mas a outra, que voando vê e canta
a glória desse em que só se enamora,
e a bondade que a fez e a levanta
como enxame de abelhas que se enflora
uma vez e mais outra vez retorna
lá onde seu trabalho…”

Paraíso, canto XXXI (A cândida rosa. Pasmo Dante. S. Bernardo. Agradecimento a Beatriz. Triunfo da Virgem.)

Nota: este artigo foi escrito seguindo as regras do Novo Acordo Ortográfico.

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