A arte de inspirar positivamente os outros não é comum a todos.
Embora muitos sigam a profissão de professor por vocação e amor ao ensino, outros seguem esta via porque não encontraram outra saída profissional.
Na minha opinião, o verdadeiro mestre é aquele que consegue aliar os conhecimentos e os ensinamentos teóricos com os princípios e objetivos da vida que nos rodeia.
Tive a honra de ter sido nutrida por alguns professores que me inspiraram para sempre, numa época de viragem pós-revolução.
Houve um, contudo, que será sempre especial na minha memória e que me marcou positivamente pelo seu método menos convencional de transmitir a matéria a lecionar, exemplificando de uma forma lúdica, às vezes no palco teatralmente, as diversas situações de vida ligadas aos assuntos focados.
Recordo-me da encenação de um tribunal, por exemplo, onde cada um protagonizava as respetivas personagens. Os alunos sentiam-se mais incentivados ao poderem vivenciar o lado prático do estudo.
O verdadeiro professor é um facilitador, um dinamizador, um incentivador, um despertador de consciências e pode decretar toda a vida futura dos discípulos.
Por outro lado, são preocupantes as situações de violência e desrespeito a que, presentemente, se assiste em muitas salas de aula. O educador que inspira negativamente pode provocar transtornos que perdurarão por toda a vida.
Tenho conhecimento de alguns casos familiares, passados durante o Estado Novo, que foram tão negativos e traumatizantes, provocando a desistência da escola por medo dos métodos austeros e injustos que eram comuns nesses tempos.
É requisito primordial que o professor saiba cativar o discípulo para que este se sinta acolhido, como se estivesse inserido num ambiente familiar de respeito e partilha mútua.
Concluindo, considero a educação a base que verdadeiramente alicerça a sociedade. Deverá, pois, ser sólida e adaptada às etapas e coadunada com os aspetos de vida prática.
Por todos estes motivos, sou a favor de uma educação não tradicional, não formal, envolvendo atividades organizadas fora do sistema convencional. A educação informal refere-se à aprendizagem que ocorre de maneira natural na vida quotidiana, sem uma estrutura organizada.
Sou apologista da implementação de escolas da floresta, por exemplo, pois considero que a natureza é a melhor sala de aula do mundo.
Os métodos de ensino Montessori e Waldorf, que já são utilizados na pré-escolar, podem também ser o início de uma nova era educacional.
É urgente uma transformação nesta área, se queremos uma sociedade melhor, mais inclusiva e integrativa com vista a uma mudança de mentalidades e, consequentemente, à criação de um mundo melhor.
(Este texto foi redigido segundo as normas do Novo Acordo Ortográfico)