Um-dó-li-ta, quem está livre, livre está, cara de amendoá!
Inês entrou para o ensino escolar, como toda a criança deve entrar, para aprender a ler, escrever, somar, subtrair, multiplicar, dividir, entre outras tantas coisas. Inês, como criança que é, além de todas essas aprendizagens deve e tem de se divertir com os colegas, socializar e viver.
Além de Inês, existe também a Maria, a Joana, o Diogo, entre tantos outros meninos. Eu sou Pai e é aqui que me cresce a água nos olhos, cerro o punho e dou um murro na mesa.
Inês teve um dia em que lhe foi diagnosticado Diabetes tipo 1, que a torna dependente de insulina, e, não havendo só esse tropeção na sua vida, bem como na vida de quem a rodeia, teve novo tropeção, quando retomou a vida escolar.
Tive a infelicidade de assistir a uma reportagem onde constatei as dificuldades que foram colocadas a uma criança, Inês, neste caso, para poder fazer as suas refeições com os colegas na escola, onde só foi solicitada a cooperação do estabelecimento escolar. Garantir a pesagem de alguns alimentos, só e nada mais, mas que uma desgraçada que ganha 400 ou 500 euros por mês, a trabalhar numa cantina, não o vai fazer. Não o faz, porque não sabe ou porque não lhe é permitido? Senhora Directora, mas que exemplo quer a senhora dar a todas as crianças e os seus tutores que têm sob a sua alçada no estabelecimento que gere?
Não é permitida a entrada de alimentos vindo do exterior, convidando Inês a comer na sala do bar ou em outro qualquer lugar, à exceção da cantina. Regras que não podem ser quebradas, diz a senhora Directora.
Gostava de lhe falar sobre Catarina Mendanha, conhece? Não? Aproveite e leia Maria descobre a Diabetes. Acabará a senhora Directora também por descobrir essa doença que assola muita gente e irá perceber que Catarina quis dar a conhecer e contribuir para o conhecimento de algo que ninguém gostaria de ter e que todos franzem a testa assim que ouvem a palavra “Diabetes”.
Aproveito, Senhora Directora, para lhe dizer, em primeira pessoa, que conheço a desgraçada de uma avó, cuja reforma é de cerca de 250 euros, e pesa o que tem de ser pesado, de forma a garantir uma boa estabilidade de números no que respeita à glicemia do seu neto.
Já agora, a titulo de curiosidade. Vai permitir que alguém do estabelecimento que gere, leia o livro de Catarina Mendanha?
Senhora Directora, eu não tenho uma Inês, não tenho uma Maria, mas tenho o Rodrigo. E o Rodrigo, além de meu herói, é o meu professor. O Rodrigo é a esperança, é a luz que vejo ao fundo do túnel, quando vejo pessoas, entidades a mostrarem o mau que a sociedade tem, produz e reflete.
Aproveito para lhe deixar também uma palavra de conforto, Senhora Directora, pois não está sozinha neste mundo. Ainda há uns dias não me pesaram um bolo numa pastelaria. Vi-me obrigado a ir comprar uma balança de precisão, daquelas de bolso.
Não peça desculpa, Senhora Directora, pois certamente as regras e normas são impostas pelo sistema, no entanto, poderia ter feito a diferença e não ditado uma sentença.
Já agora, vamos a uma aula de Português, se me permite, pois, claro:
des·gra·çar – Conjugar
verbo transitivo
- Causar a desgraça de; deitar a perder.
- Tornar desgraçado.
Palavras relacionadas: desgraça, desgraçado, desgraçadamente, desgraceira, desventurar, desgraciar, infortúnio.
des·gra·ça·do
adjectivo
- Infeliz, desditoso.
- Miserável.
- Mal sucedido.
- Funesto.
nome masculino
- Pessoa infeliz.
- Pobre.
- Indivíduo desprezível.
Palavras relacionadas: desgraçar, infortúnio, desgraçadamente, desgraça, funesto, infeliz, desastroso.
Agradeço aos seres humanos que se cruzam com o Rodrigo, e tento, acreditar que a Inês teve só um capitulo destes na sua vida.
Peço desculpa aos pais da Inês, mas, como disse, não tenho uma Inês, tenho o Rodrigo.
Boa viagem.
O Pai.