“Nós somos o que comemos.”
É uma frase que nos acompanha desde sempre mas o que é que isso quer dizer realmente? Há quem coma para preencher vazios e até há quem não consiga comer de todo por limitações neurológicas o que prova que existe de facto, uma ligação entre aquilo que comemos e aquilo que somos/sentimos.
Então talvez tenha chegado à hora de nos perguntar:
O que é que a minha alimentação diz sobre mim?
Comer saudável não é só ingerir uma refeição variada, completa e equilibrada é necessário também gerar um bem-estar emocional. A cada refeição há um equilíbrio que deve ser mantido, o que é ingerido e que cria culpa, revolta ou ressentimento é considerado “tóxico” e as consequências dessa alimentação reflecte-se física e emocionalmente. O corpo e o espírito são inteligentes e mostram a todo o tempo as consequências das nossas escolhas.
Sabemos que alimentos ricos em fibra, vitaminas, sais minerais e baixo teor em gorduras devem ser os alimentos base de uma alimentação sã, mas certamente que cada um de nós, tem um ponto de equilíbrio diferente. Pelo menos é o que nos mostra os nossos gostos e necessidades alimentares: aqueles alimentos que rejeitamos e aqueles que mais desejamos.
Estas manifestações não só reflectem as nossas necessidades físicas como também energéticas. É que para além de cada alimento ter as suas características nutricionais, também trabalham, a energia gerada no nosso corpo de formas diferentes. Pegando como exemplo as leguminosas – fonte de vitaminas e com bons níveis de sais minerais – a nível energético, são excelentes para nos fazer sentir com os “pés bem assentes na terra” pois trazem-nos segurança, aumentam a criatividade e alegria de uma forma em geral.
Mas ainda fica mais interessante se nos guiarmos pelas cores: os alimentos vermelhos e castanhos, estão relacionados com o facto de nos sentirmos seguros e protegidos, os laranja relacionam-nos com as nossas emoções, com o que criamos e reproduzimos, os amarelos com a confiança e o poder que temos nas nossas vidas. Os verdes para além de nos nutrirem profundamente estão relacionados com o Amor incondicional por nós próprios. Os azuis – e a maioria das frutas, independentemente da cor – influenciam a forma como comunicamos com o mundo. Os mais escuros, como uvas, ameixa, figos e a cebola roxa, ajudam-nos a compreender para além do óbvio e os lilases e brancos (na sua maioria) impulsam-nos a seguir a intuição. Para além das cores, alguns têm impacto directo nos nossos órgãos graças à sua semelhança, como por exemplo a noz que faz bem ao cérebro e por aí fora.
Na Ayurveda (Índia) – que é conhecida como a sabedoria mais antiga para o bem-estar que tem como objectivos principais: curar e prevenir – podemos ainda mais longe. Nesta ciência, os 5 elementos (éter, ar, fogo, água e terra) conduzem-nos até os 3 Dosha (Vata, Pitta e Kapha). Os Dosha são responsáveis por todos os processos fisiológicos e psicológicos que definem o biótipo de cada um de nós e em consequência as nossas necessidades de nutrição. Deste ponto de vista, quando um dos Dosha está em desequilíbrio ( e tendo em conta as estações do ano) o corpo e/ou a mente manifesta doença.
Na Fitoterapia (chinesa e outras), as ervas ajudam-nos a curar feridas e a travar doenças. Na aromaterapia, os óleos essenciais fazem um papel semelhante actuando quer na parte física, quer na parte emocional. E é por tudo isto que é importante ponderar se o que consumimos alimenta o nosso corpo e nutre verdadeiramente a nossa alma pois fica claro que aquilo que ingerimos tem um papel crucial que vai para além do óbvio. Não vão ser as dietas tresloucadas e a pressão de ter “corpo de sonho” que nos vai deixar bem. A urgência na prevenção e na manutenção da saúde explica o sistema de saúde está a rebentar pelas costuras.
Somos muito mais que um corpo físico e a nossa alimentação afecta-nos de maneiras surpreendentes. Esquecemos – com frequência – de escutar o nosso corpo e a nossa energia. Esquecemos que fazemos parte integrante da natureza e que é preciso nutrir para curar, alimentar para ser.
Mas mais relevante é estar em sintonia e em equilíbrio com o mundo, com as estações do ano, com tudo o que nos rodeia. O importante é nos alimentarmos para nos sentirmos bem, para estarmos bem e para fazermos o bem.