Tenho várias épocas históricas que me fascinam pela determinação dos intervenientes e pela sua coragem, a época da segregação racial e luta pelos direitos civis nos Estados Unidos sob a administração Kennedy é uma delas. E neste contexto, obviamente que sobressai a papel do Martin Luther King Jr. Por vezes temos a sorte de ver um documentário ou filme que nunca mais esquecemos, foi o que aconteceu comigo, quando assisti ao documentário “Soundtrack for a Revolution” (2009). Já passaram uns bons anos desde que o vi, pela primeira vez.
O filme/documentário de Bill Guttentag e Dan Sturman foi vencedor de vários prémios de realização na categoria de documentário, um pouco por todo o mundo. Os realizadores procuram revisitar o movimento americano de direitos civis com foco na forma como a música de protesto dos piquetes de greve, nas celas das prisões, na organização de reuniões foram uma fonte de coragem, solidariedade, energia e conforto para este grupo de pessoas.
Utilizando sobretudo imagens de arquivo a preto e branco, o filme mostra a assustadora brutalidade enfrentada pelos primeiros “soldados” dos direitos civis e lembra-nos um dos capítulos mais vergonhosos da história americana. Cobre um período que começa com Rosa Parks e o boicote dos autocarros Montgomery e termina com o assassinato de Martin Luther King, Jr. em 1968.
A banda sonora para uma Revolução – “Soundtrack for a Revolution” – dá-nos uma importante lição de história e deveria ser usada como ferramenta educacional no ensino básico, secundário e universitário em qualquer país do mundo, onde se promova a justiça e equidade social. Se a música nos liga emocionalmente, quando carregada de sentido é uma importante ferramenta para difundir uma mensagem.
Neste importante documento histórico encontramos vozes como as de: John Legend, Joss Stone, The Roots ou Wyclef Jean. Os relatos são feitos pelos intervenientes no movimento, pessoas que viveram de perto os conflitos e desigualdades, manifestantes pacíficos que lutam pelos seus direitos e que no desenrolar do processo perderam familiares ou estiveram presos. A música, essa acompanha todo o percurso do documentário e envolve-nos na realidade daquele tempo.
As canções são poderosos testemunhos que inspiraram uma geração, são tão profundas e tocantes que é quase impossível não chorar.
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