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Vou pensar muito seriamente no assunto

Na passada semana, a cronista Angelina Lima publicou aqui um artigo de opinião em que lança um claro e sério apelo ao voto no próximo acto eleitoral que se vai realizar no dia 26 de Maio. Um apelo, diga-se desde já, que subscrevo e amplio, pois o voto é um direito que nós, cidadãos, conquistámos e que devemos usar e abusar, apesar de lhe darmos um valor  – cada vez mais – reduzido.

O meu senão relativamente ao artigo de opinião da Angelina prende-se, tão-somente, com os argumentos que esta utilizou para fazer valer o seu ponto de vista. Isto, porque, na minha perspectiva e opinião, quando falamos em eleições para o Parlamento Europeu e Abstenção não podemos ver somente um dos lados da moeda. A Angelina Lima tem toda a razão, quando afirma que o Parlamento Europeu já fez muito por todos nós cidadãos deste espaço comunitário em que existem milhares de comodidades que, por exemplo, nos anos 80 do século passado eram manifestamente impossíveis. Contudo, embora a problemática da elevada abstenção neste tipo de eleições seja já uma tradição transversal a todos os Estados-Membros, há que olhar para o passado recente e ver o óbvio.

Esta Europa que vai a eleições no próximo Domingo esteve e está, literalmente, envolta numa Guerra Norte/Sul. Uma Guerra que se iniciou com a crise das dívidas soberanas e que feriu de tal forma o projecto europeu que o que parecia impensável (Brexit, movimentos nacionalistas, Extrema Direita no Poder, etc.) é hoje uma realidade. Face a tudo isto, os europdeputados, muitos deles incansáveis na defesa dos interesses dos seus eleitores, nada fizeram ou nada puderam fazer, porque a Europa é hoje em dia um tremendo bicho burocrático muito semelhante à antiga União Soviética (URSS).

Há ainda que acrescentar que, tal como na URSS, era o Politburo quem ditava a Lei e impunha a sua lógica, hoje um órgão meramente consultivo da União Europeia como o Eurogrupo segue idêntica postura e este mesmo Parlamento Europeu que vai a eleições no próximo Domingo onde os países mais ricos e com maior densidade populacional impõem a sua – natural – força, dado que elegem mais eurodeputados, não se opõe e, inclusive, até que pactua com as “recomendações de livro” do Eurogrupo, porque tal é do interesse do eleitorado dos países mais ricos.

E, para terminar, Angelina, há ainda que dizer que isto da intervenção financeira que nos salvou da bancarrota patrocinada e “cozinhada” cá no nosso pequeno Burgo por Sócrates & amigos não dá o cabal direito de a Europa ditar Leis que esta não se atrevia, de forma alguma, a impor aos seus Estados-Membros mais ricos. O Eurogrupo (dado que é este quem realmente manda nisto tudo) que experimente sugerir a retirada de feriados e a diminuição do salário mínimo em França para, desta forma, dinamizar o mercado de trabalho… Ou, então, este mesmo Eurogrupo que tenha a destreza de propor o aumento da carga horária dos trabalhadores ou, inclusive, sugerir aumentar a idade em que um trabalhador se pode aposentar na Alemanha. O resultado é bem capaz de ser engraçado…

Ora, face a tudo isto repito o que já aqui escrevi. No próximo Domingo, vou votar e apelo para que todos os eleitores o façam. Contudo, confesso que vou pensar muito seriamente no assunto, porque, como já alguém disse publicamente, “desta Europa já não espero coisas boas”.

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