A vida obriga-nos a crescer. Passamos grande parte do tempo a correr, preocupados com o amanhã, sem pensar muito no hoje. Vamos na rua e encontramos aquela pessoa que já não vemos há imenso tempo. Pergunta-nos o que temos feito, como está a correr o trabalho, quando é que vamos casar e se pretendemos ter filhos em breve. Pergunta-nos tudo menos o mais importante: se estamos felizes.
A sociedade planeia tudo por nós. Como se tivessemos de viver por etapas. Estudas para conseguires um bom trabalho (sem que te perguntem se é o trabalho que te apaixona), depois, automaticamente, tens de formar uma família. Se fizeres isto tudo direitinho, as pessoas partem do princípio de que tens a vida perfeita. Aos olhos delas, és feliz. Mesmo que não o sejas. E, se mostrares que não o és, provavelmente vão chamar-te de mal agradecido e dizer que não sabes aproveitar aquilo que tens.
No fundo, tudo é posto em primeiro lugar, menos a felicidade. Raramente paramos para pensar se é mesmo isto que queremos ou se o fazemos porque o que está à nossa volta assim o exige. Não nos perguntamos se somos felizes, o que é que nos faz falta ou o que é que queremos mudar. Talvez porque a mudança nos assusta, principalmente se isso significar quebrar o que “é suposto acontecer”.
Aquele conhecido segue o seu caminho. E tu também. Falaram sobre tudo o que envolve as vossas vidas, mas nem sequer te ocorre que nenhum perguntou ao outro se está feliz. Talvez porque nem tu colocas essa questão a ti mesmo. Por mera distração. Porque estás a pensar em mil e uma coisas ao mesmo tempo. E a maior parte delas nem sequer tem importância porque se baseiam nos teus planos de corresponder às expectativas que o mundo tem sobre ti. Mas a vida só funciona realmente se olharmos mais para dentro do que para fora. E se, neste preciso momento, estiveres a viver uma vida que não é a tua?