Tudo acabará em ti

“As obras de arte, serão, daqui a quase nada, vestígios”

– Nuno Crespo, cronista, Público

Ser, na imensidão de existir, passa por desafiar o passado e a vida. Passa por olhar para o mundo com um sorriso eterno, com uma despreocupação (aparente e sublime) pelo acaso, pela sorte, pelo azar – pelo o que não se sabe, pelo que ainda está por vir.

A descoberta é o momento do nascimento da obra-prima e das necessidades da natureza. Quando percebemos que nascemos com o propósito fundamental de sonhar mais alto, de sentir a vida, de espalhar magia, coerência, ambição e autenticidade. A mágoa, presa à permanência, instabilidade e dinamismo da realidade, sobressai nas profundezas de uma incompreensão (absoluta, mas discutível) do universo, do nosso universo de interioridade.

Eis que a metáfora da polaridade entre permanência e mudança chega, com a magia de nos fazer elevar a um propósito fundamental mais risonho e porventura realista. É no realismo, no pragmatismo, no saber ver e olhar o mundo em redor, que percebemos que a gramática formal da vida se torna muito intuitiva e elementar. Temos que combater a ilusão dos vários planos do mundo: os da história e da arte, que se fundem e formam um plano único.

O artista é aquele que produz vestígios. Vestígios de sentimentos, emoções, vidas, personalidades, sonhos, anseios, choros, ou alegrias infinitas. É o querer que nos torna autênticos em toda a nossa dinâmica e plenitude, o querer ser algo que nunca ninguém foi, o acrescentar algo novo ao universo, algo que ninguém, jamais, tenha feito, ou sido. Não valia a pena existir, se não fosse para sonhar com um amanhã infinito. Em ti, começa tudo – e tudo acabará em ti.

Share this article
Shareable URL
Prev Post

A Europa não é perfeita

Next Post

Os amigos de Alex

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.

Read next

Férias desencravadas

Este ano tive umas férias de repetição. Isto, dito assim, sem anestesia nem nada, pode parecer tolo, mas passo a…