Trabalhar muito compensa?

O Bloco de Esquerda anunciou recentemente que pretende desentroikar toda a legislação laboral em Portugal, contudo, tal (a meu ver) nem deveria ser necessário, pois ainda está para vir demonstração prática de que as medidas da dita troika tenham dado resultados positivos no que ao mercado de trabalho em Portugal – e não só – diz respeito.

Efectivamente tal é assim e somente uma razão fanaticamente ideológica da parte do anterior governo liderado por Pedro Passos Coelho pode explicar a razão pela qual agora o executivo liderado por António Costa tenha a árdua tarefa (para não dizer obrigação) de desentroikar toda a legislação laboral em Portugal.

Pode até ser verdade que o Partido Socialista não tenha – ainda – demonstrado abertura no que a este urgente – e mais do que necessário – processo diz respeito, mas a seu tempo António Costa não terá outra alternativa até porque, repetindo o que eu já aqui escrevi, Portugal não é o México.

Sim. Portugal está longe, mesmo muito longe, de ser um país como o México onde os trabalhadores (e população em geral) não têm direitos. Só deveres. E o resultado desta forma troikana de estar salta à vista de qualquer um, pois o México é uma triste miséria em termos de qualidade de vida. E não é por falta de horas de trabalho, dado que falamos de um país que é o que menos dias de pausa laboral (feriados) tem… Ora, se esta fórmula de se trabalhar até à exaustão, redução de feriados, baixos salários e condições de trabalho precárias não levaram o México a lado algum (levaram antes a um enorme fluxo migratório das suas populações para os Estados Unidos da América onde são submetidos a uma exploração brutal), por que razão se entroikou a legislação laboral em Portugal?

Contudo, o mais engraçado nem é estar aqui a realçar o óbvio. É antes olhar para a realidade laboral de países como a Bélgica, Holanda, Inglaterra, França e a Alemanha e verificar que por lá não se aplica nem um terço das medidas que o governo de Pedro Passos Coelho levou a cabo (segundo ele) para agradar aos troikanos.

Será que isto de se trabalhar muito compensa? Muito gostava de saber o que tem António Costa, Assunção Cristas e Pedro Passos Coelho (especialmente este último) a dizer sobre este assunto.

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