Com o fim de Dezembro, chega também o fim de mais um ano.
Depressa nos apressamos a momentos de introspecção. A decidir se foi o pior, o melhor ou um ano assim-assim. No que se ganhou ou perdeu, em quem chegou e quem partiu, se chorámos ou gargalhámos mais, e outras medidas aplicadas a cada um de nós, para ver qual é o lado que mais pesa ou se há equilíbrio.
Ninguém é supersticioso, mas muitos vão ver as tradições e superstições para as cumprir escrupulosamente para garantir que o ano que está prestes a ser recebido com festa e fogo de artifício seja melhor do que o que se vai despedir.
12 passas, ter uma nota no bolso – de preferência que não seja de nenhum jogo de tabuleiro ou de um parque infantil – subir para uma cadeira, bater em tachos e panelas para um barulho infernal, tudo devidamente acompanhado por cuecas azuis preferencialmente novas e uma lista imensa de resoluções para cumprir e/ou atingir.
Depois de tudo feito e de recebido o ano o que acontece? Rigorosamente nada, para além do divertimento que a noite costuma trazer.
Então, afinal o que muda, se todos os anos é repetido o ritual? O mês, o ano, o dia? Ou nós, finalmente?
Tentando sair e pensar fora da caixa da festa e celebração, se não formos nós a mudar, a ir à luta e a continuar a celebrar os dias como se cada um fosse o último, alguma coisa mudará para além da parte cronológica e temporal?
Em vez de chorarmos aquele que pode ter sido o pior, porque não aproveitamos, já que estamos levados pelo encanto da festividade, para acreditar que o próximo será melhor se nós próprios fizermos por isso? É o que falta: colocarmo-nos em tudo quanto fazemos e acreditar que é possível alcançar aquilo a que nos propomos. Não importa se há quem não acredite. Não! É o que cada um de nós sente e carrega no brilho dos olhos acompanhado pela força de vontade que faz com que algumas coisas consigam mudar para melhor e que alcancem tudo quanto vos sejam possíveis. Tudo quanto merecem e fazem por merecer. Tudo para o que trabalham, batalham e acreditam. E fico a adivinhar o vosso sorriso feliz quando a primeira meta, definida por cada um de vós, for alcançada. Para que as resoluções sejam lembradas e sentidas todos os dias, independentemente da mudança do ano. Porque afinal o que muda mesmo?
Escreveu Miguel Torga que “o destino destina, mas o resto é comigo.” Qual tem mais peso, na vossa vida: o destino ou o que é convosco? Pensem nisso.