Se em 2008, o futuro da Islândia parecia negro, após o colapso do sistema bancário nacional, que conduziu o país à bancarrota, agora, a situação é totalmente diferente e o FMI aponta a nação nórdica como um exemplo “impressionante”. Em quatro anos, os islandeses renascem das cinzas, evidenciando sinais claros de recuperação económica, traduzidos na descida da taxa de desemprego de 12% para 5%.
Para esta situação contribuiu de sobremaneira as políticas de incentivo à criação de emprego e a promoção de um crescimento económico sustentável por parte do governo, mas a medida que mais impulsionou esta recuperação é a velha solução que os países com moeda própria aplicam cada vez que a economia precisa de um estímulo: a desvalorização da moeda.
A desvalorização da moeda nacional de um estado continua a ser uma das estratégias com mais sucesso para restaurar a competitividade de um país. Com efeitos directos na balança comercial, a depreciação da moeda aumenta directamente o fluxo de exportações de um país e diminui inversamente as importações. Isto é, a moeda valendo menos permite que os compradores externos comprem mais por menor quantidade de dinheiro, o que aumenta o volume de exportações e consequentemente a entrada de dinheiro no país exportador.
Desta forma, a invejável saúde económica que os países nórdicos (Suécia, Noruega, Dinamarca, Finlândia e Islândia) gozam e fazem deles, para muitos, um exemplo a seguir está intimamente ligada à questão da moeda própria, excepto no caso da Finlândia que aderiu ao Euro. A recusa destes países na adesão à moeda única europeia confere-lhes um poder de decisão enorme, que as nações aderentes não gozam.
No caso da União Europeia (UE), esta medida não está nas mãos de cada executivo dos 27 estados-membros. Todas as políticas fiscais e monetárias passam pelo Banco Central Europeu (BCE), entidade financeira que regula o poder de compra e a inflação no contexto europeu. Assim, os países que aderiram ao euro abdicaram da sua autonomia e independência financeira, para implementarem medidas que estejam relacionadas com a sua moeda.
Embora o BCE tenha executado medidas que pretendem diminuir a carga fiscal sobre os europeus, como é o caso da redução na taxa de juros para mínimos históricos, as comparações com países como a Suécia e a Islândia nunca poderão ser justas, pois as diferentes nações não apresentam as mesmas condições à priori. A desvalorização monetária é só para quem pode e, no caso da UE, esta autoridade está remetida, apenas e só, ao BCE.