
Na imensidão do sossego, as palavras e os pensamentos voam no vazio perdido das lembranças.
É assim o tempo em que estamos mais descontraídos. Perdemo-nos com pequenos nadas que nos assolam e damos por nós a levantar questões que nada importam para a restante humanidade.
A poesia das palavras, transporta-nos na sua nuvem de conforto até onde nós quisermos ir, somos nós pequenos e insignificantes que escolhemos por onde queremos seguir.
A magia de voar por entre aquelas que supostamente são as grandes detentoras da liberdade, as aves, permite também apreciar a leveza da brisa que nos abraça e envolve, no aconchego do seu alento.
O encanto de ser pessoa transforma-nos de repente em seres especiais capazes de virar o mundo, não pelo avesso, mas pelo direito. Ajudando quem nos envolve e sendo uma mais-valia para quem precisa de nós.
Afinal, todos bem sabemos o que é, supostamente, uma sociedade mais justa, aquela que pode de facto existir, porque na realidade, e quando falamos verdadeiramente de pessoas à séria e de vidas que se cruzam todos os dias, sabemos sem qualquer hipocrisia que esta é uma verdade que nunca será completamente real.
Uma sociedade que integra e congrega, e não separa nem humilha, será um cenário apenas possível em sonhos, ou então na beleza das palavras escritas e imaginadas por quem as escreve.
E nunca será viável, apenas e só por uma simples razão, porque nós não queremos fazer acontecer, temos demasiado que fazer e mais ainda com que nos preocupar, essas questões sociológicas que avaliam as sociedades e teorizam sobre a eventual existência de um mundo melhor, essas, deixamo-las para os comentadores sociais e avaliadores da sociedade, que enchem as redes sociais e até algumas colunas de jornais a debitar e teorizar sobre como podemos ser todos mais felizes, ajudando a sociedade a ser uma realidade mais justa e igualitária para todos, não apenas para alguns. Pura hipocrisia, ou será ingenuidade?
Hoje estou particularmente cética e não acredito que as pessoas possam todas ser boas e fazer o bem, zelando simplesmente uns pelos outros e mostrando-se tal como são aos outros, para que realmente possam ser uma sociedade real que vive do ser sociedade e não do ter sociedade.
Nunca será possível que a sociedade seja do SER se continuarmos todos a querer continuamente TER, e por isso, temos todos que prosseguir na vida a imaginar que está tudo bem e que nos damos todos muito bem, porque afinal somos seres civilizados e sabemos viver em sociedade.
Pura ilusão ou será apenas pura mentira?