Original, poderoso e soberbo, Jack é inesquecível: a coragem e o imenso amor numa história perturbante contada pela voz da inocência.
Para Jack, de cinco anos, o quarto é o mundo todo. É onde ele e a Mamã comem, dormem, brincam e aprendem. Embora Jack não saiba, o sítio onde ele se sente completamente seguro e protegido, aquele quarto é também a prisão onde a mãe tem sido mantida contra a sua vontade. Contada na divertida e comovente voz de Jack, esta é uma história de um amor imenso que sobrevive a circunstâncias aterradoras e da ligação umbilical que une mãe e filho.O quarto é um lugar que nunca vai esquecer; o mundo é um sítio que nunca mais olhará da mesma maneira.
(Sinopse retirada do site www.portoeditora.pt)
Ler esta sinopse é de ficar com água na boca. Foi assim que fiquei, de maneira que tive de comprar este livro e lê-lo. A verdade é que a história de O quarto de Jack não desilude. É absolutamente incrível, começando pela imaginação da autora, para conceber aquela história tão verosímil e real, e terminando na forma da escrita, como ela consegue ser tão fiel à maneira das crianças pensarem e falarem e, ao mesmo tempo, deixar-nos entender tudo o que se passa no mundo de Jack.
Jack conta-nos tudo aquilo que sabe e que aprendeu naquele lugar onde vive, o seu mundo. Um quarto onde vive sozinho com a mãe, excepto quando “Ele” vai visitá-los. Jack é demasiado pequeno para conseguir perceber o que se passa, mas através da sua linguagem inocente e pueril vamo-nos apercebendo de tudo o que aconteceu com a mãe, do nascimento dele, de como eles vivem. Jack não conhece outra realidade e descreve-nos com alegria situações muito tristes, porém, apercebe-se – e, consequentemente, nós também – que a mãe não está bem, que há qualquer coisa de triste e errado com ela e com aquele mundo.
Depois de se ter a consciência desta situação, o que se pode fazer? A mãe de Jack já está há muitos anos naquele quarto, por vezes, ainda a notamos rebelde e, simultaneamente, também resignada, mas aquele quarto é o mundo de Jack, ele não conhece mais nada. Por isso, atreveriam-se eles a fugir? Se fugissem, o que encontrariam lá fora? Será que tudo melhoraria com essa fuga? Ou a vida não tem mais nada para dar a Jack e à sua mãe?
Um livro diferente, tanto no tema, como na perspectiva, sobre uma dura realidade que, de vez em quando, as notícias nos vai recordando: pessoas, mulheres e meninas principalmente, que foram raptadas e estiveram fechadas durante anos, à mercê dos seus raptores. Filhos que essas mesmas mulheres podem ter, nessa clandestinidade forçada, e que, tal como Jack, são crianças que não conhecem mais nada além daquele mundo e que, para nós, são invisíveis, inexistentes.
Um livro que nos faz rir, chorar, pensar, pensar muito e viver esta realidade com o coração aos saltos, com um sabor amargo na garganta. Contudo, talvez – e não quero iludir-vos, nem estragar a vossa leitura –, haja uma luz de esperança para Jack e a mãe. Talvez ainda haja toda uma vida para descobrirem.