Educar um filho é e será o maior desafio das nossas vidas.
Pode ser um filho de sangue ou um filho de amor, não interessa, o desafio de incutirmos em outro ser bases morais e éticas, dotá-lo das ferramentas necessárias e desenvolver e encaminhar as suas características inatas é o maior desafio da vida de qualquer humano.
Existem os livros, as teorias dos familiares e amigos, as consultas e workshops de psicólogos e psicoterapeutas de renome, mas por muitas dicas que se vão apanhando de um lado ou do outro, e até dos exemplos que não queremos imitar, a única forma de educar é tentando.
As crianças são uma esponja de absorção de tudo o que as rodeia. Absorvem conhecimento e emoções da mesma forma que absorvem parvoíces, e é por isso que de vez em quando nos envergonham com certas atitudes e expressões em público. Sim, tem muita mais piada gabarmo-nos aos nossos conhecidos da sua capacidade super desenvolvida de trabalhar com um smartphone, do que sermos envergonhados pela palavra ou comportamento desadequado, mas as crianças imitam o que os mais velhos que elas fazem: os tiques, os gestos, as expressões linguísticas, as reações emocionais, o comportamento. E aliado a tudo isto mistura-se a particular e individual personalidade de cada um.
Por isso, quando um desenvolto ser de 2 anos mexe no touchscreean como se tivesse passado os últimos 3 a tirar um bacharelato em Técnicas de Informática, na realidade ele até esteve, pelo menos desde que nasceu que assiste ao núcleo familiar com um em extensão ao braço. Acrescento a vantagem que o cérebro de uma criança está desimpedido da tralha informacional que nos entope as canalizações e não acrescenta valor. A criança não complica, não tenta fazer igual àquela outra vez, age e atua como se fosse a primeira vez. E é (É por isso que o nosso primeiro amor é sempre mais intenso e descomplicado. Não existem erros, nem cicatrizes. Tudo é possível).
Posto isto, uma criança aprende a ser responsável, ou não, pelos exemplos invisíveis. Pelo que dizemos e fazemos, quando não nos sentimos a ser julgados por outras pessoas.
Existem os chavões que dizemos e repetimos às nossas crianças, quando fazem uma birra ou não fazem o que dizemos, e depois existe o que nós fazemos quando fazemos uma birra ou não queremos fazer o que nos dizem.
Para responsabilizar uma criança, mais do que dizer-lhe como fazer bem, devemos envolvê-la no processo (de forma adequada à respetiva idade) e:
- Começar por tarefas simples, adequadas à idade, como arrumar os brinquedos, por a mesa, colocar a roupa suja no sítio respetivo, etc…
- Não devemos envolvê-la nos problemas da nossa vida adulta, mas também não os devemos esconder. Se estamos tristes, a criança deve perceber que estamos tristes, mas não precisamos de lhe contar pormenores sobre o FDP que nos lixou nesse dia, ou do c… que é o Sicrano;
- Devemos deixar de tentar ser os seus melhores amigos e investir em brincar mais com eles, em entrar no seu mundo fantasioso, fazer parvoíces, experiências, explorar, mas sempre com a noção de que cabe ao adulto deixar claro quais os limites de segurança e educação;
- Não a comparar constantemente aos irmãos, primos, aos filhos dos amigos, colegas da escola ou outras crianças;
- Partilhar com ela a experiência, alertar para o que pode correr mal e quais as consequências (de forma adequada à respetiva idade, sem exagerar ou dramatizar);
- Mostrar-lhe o amor desinteressado e o respeito pelos outros;
- Demonstrar-lhes que o dinheiro não é infinito;
Para ensinarmos as crianças a serem responsáveis, devemos agir, estar e interagir com elas mais como fazemos quando temos que limpar os macaquinhos do nariz e estamos em público (com cuidado, atenção e algum recato) e menos como o fazemos quando achamos que ninguém nos está a ver.