Ele estava sentado num banco que havia convenientemente ali em frente. Fumava cigarros de forma nervosa e ausente, e, mesmo que não parecesse, estava a contar os minutos. Tinha chegado com duas horas de antecedência, não sabia se era porque não aguentava ficar em casa ou se tinha medo que o tivessem informado mal da hora. Também, já tinha esperado tanto, o que eram mais 120 minutos?
Fumou dois maços inteiros, quase seguidos, entre pensamento e pensamento. De vez em quando olhava para os pés, para os ténis sujos, para os joelhos dentro das calças de ganga rotas, e batia com os dedos na madeira, impaciente. Depois recostava-se, suspirava, e parecia acalmar-se. Coçava a cabeça, coçava a barba, fazia caretas associadas ao que pensava. Olhava à volta, e mudava de posição outra vez.
Quando, duas horas e meia depois, abriram o portão da prisão e ele a viu, levantou-se de um salto, como se o banco o tivesse queimado. Apoiou-se numa perna, e depois noutra, numa dança nervosa. Ali estava ela, linda, o cabelo loiro e despenteado apanhado num rabo-de-cavalo, uns óculos escuros e um colete de ganga que lhe lembrava um rocker dos anos 80. Mal cruzou o portão, olhou para ele. Como se ela também tivesse estado todo aquele tempo à espera dele. Ficaram parados, a olhar um para o outro. As pernas tremeram-lhe de emoção e medo, e ele teve de voltar a sentar-se. Ela olhou para os dois lados, atravessou a estrada calmamente, e quando o seu pé pisou o passeio desatou a correr para os braços dele. Saltou-lhe para cima, entrelaçou as pernas no seu tronco e agarrou-o com força. Começou a chorar.
Tê-la completamente agarrada a ele, quase que agrafada, depois de três anos de espera, fê-lo sentir-se o homem mais rico do mundo.