Instituições internacionais: a imagem de uma máquina obsoleta

Quando a II Guerra Mundial terminou, o pensamento do mundo estava voltado para o mesmo objectivo: a Grande Depressão de 1929 não podia voltar a acontecer. Esforços foram feitos e, em 1944 (ainda antes de terminar a guerra), na conferência de Bretton Wodds, nasceu o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco de Investimento e Reconstrução para o Desenvolvimento (BIRD), com o propósito de reerguer o mundo e controlar a balança de pagamentos e as taxas de câmbio dos países membros destas organizações.

Transposta a fase de reconstrução, o mundo voltou a organizar-se e os mecanismos criados para a reedificação dos países foram determinantes. Assumindo um papel preponderante, as organizações financeiras implementaram programas de assistência económica para  impulsionar o crescimento e refortalecer o comércio mundial. A partir desse marco, proliferaram os acordos e parcerias entre os vários países do mundo, seguindo o critério geográfico, económico ou cultural de cada um, levando ao surgimento de organizações como a União Europeia, organização que forja uma união politica, económica e monetária entre 27 países da Europa (EU), a Organização Mundial do Comércio (OMC), organização que trata das regras do comércio mundial, e a ONU, organização que promove o diálogo, o direito internacional, a segurança internacional, o progresso social e a paz mundial.

No entanto, ao longo do tempo, as inúmeras organizações criadas tiveram um comportamento e relevância diferentes. Para algumas instituições, como o FMI e o BIRD (que agora faz parte do Banco Mundial), a sua importância foi-se reforçando: desde do seu surgimento, os planos de assistência aplicados por estas organizações em países em desenvolvimento multiplicou-se. Apesar da receita de austeridade não ter tirado do marasmo económico alguns dos países ajudados, as instituições financeiras mundiais continuam a gozar de um grande estatuto. Já o caso da ONU é bem distinto.

Com a missão de assegurar a paz mundial e salvaguardar os direito humanos, a ONU tem-se revelado uma máquina obsoleta e lenta. Embora as imagens da II Guerra Mundial continuassem presentes na consciência humana, a segunda metade do século XX e o início do século XXI foram fustigados por inúmeros conflitos, guerras civis e genocídios. Quando a acção da ONU foi necessária para travar conflitos iminentes e promover o diálogo, o aparelho burocrático da própria organização foi o maior obstáculo: os constantes impasses do Conselho de Segurança minaram o bom desempenho da ONU, que não se consegue libertar dos interesses económicos dos países que a constituem. Assim, situações como a guerra civil do Ruanda, Sudão e, mais recentemente, a da Síria são exemplos da ineficácia deste mecanismo internacional.

 Actualmente, com a crise económica e financeira que alguns países enfrentam, as organizações internacionais, que outrora caiam em esquecimento, tornam a ter um papel de relevância na saúde económica e social de cada país. A resposta destas instituições, contudo, não pode ser a mesma do pós-guerra. É preciso uma mudança de pensamento, uma mudança nos planos a implementar, porque a realidade de hoje é muito distinta do contexto de outros tempos.

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