Os meses antecedentes ao lançamento de um produto da Apple, o mundo da tecnologia fervilha em especulações e ansiedade por conhecer o mais novo produto da gigante norte-americana. Quando o tão esperado dia chega, as pré-encomendas acumulam-se, batendo recordes anteriormente registados, e a empresa, que entre 1986 e 1996 esteve à beira da falência, depois do flop de tantos produtos, reafirma a sua posição no mercado, mostrando às suas concorrentes o porquê da marca Apple ter a capacidade de deixar o mundo em suspenso. Foi assim que, no dia 12 de Setembro, o mundo, mais uma vez, reagiu. O lançamento do iPhone 5 veio acabar com a ansiedade dos fãs da marca e dar azo a tema de conversa por parte dos especialistas do ramo da tecnologia. Todas estas emoções em torno da Apple e o consequente sucesso da mesma devem-se ao espirito apaixonado, genial e, por vezes, maníaco de um único homem: Steve Jobs.
Descrito pelos seus colegas de trabalho como sendo “um dos monstros de Silicon Valley”. Apesar dos acessos de fúria ocasionais, a genialidade, a aptidão, quase que inata, para ler o mercado, a capacidade de liderança e a criatividade de Steve Jobs eram inegáveis. Obcecado pela perfeição, o antigo CEO da Apple edificou um império tecnológico e electrónico conjugando a estética, a inovação e o design na mesma fórmula. O resultado foi uma gama de produtos que em qualquer parte do mundo são reconhecidos como uma produção desta empresa norte-americana, a frase do empresário “a inovação é o que distingue um líder de um seguidor” tornou-se verdade no universo da Apple.
Tendo sido “resgatado”, em 1997, para os quadros executivos da empresa, que criou juntamente com Steve Wozniak e Ronald Wayne, em 1976, Steve Jobs salvou a empresa da falência e construiu um nome para a Apple no mercado. Em apenas dois anos, o empresário norte-americano converteu a situação da empresa de bancarrota iminente, estabelecendo-a como uma das instituições mais importantes no mundo da tecnologia, e esta posição foi alcançada, principalmente, pela implementação de uma política muito simples: o foco. Pois tal como Jobs dizia “foco é dizer não” a produtos que não interessam e desvirtuam a qualidade de uma organização.
Num artigo publicado na Harvard Business Review, por Walter Isaacson, autor da biografia autorizada de Steve Jobs, é explicado que, quando o empresário voltou para a Apple, levou a empresa a focar-se nos produtos em que realmente era boa a produzir, em vez de colocar no mercado inúmeros artigos de fraca qualidade. Desta forma, a empresa centrou-se em apenas alguns artigos e cancelou a produção de outros tantos. O resultado foi o lançamento de produtos como o Macintonsh, iPod, iPad e o iPhone, que conquistaram o consumidor e obrigaram as mais directas concorrentes a melhorarem o seu desempenho. Assim, no foco começou o processo de salvamento da Apple.
A criatividade, a inovação e a estética também foram estratégias implementadas pela nova linha de acção da Apple. O design gráfico das interfaces, a introdução de software e hardware inovador e a estética simples e elegante dos produtos lideraram um novo caminho na forma como a tecnologia deveria ser pensada, daí adiante. Também nas campanhas de marketing que apelavam ao imaginário do consumidor e apresentavam visões futurísticas do mundo fizeram com que os artigos da Apple fossem desejados pelo mundo a fora e não só. O sentimento de fidelização que os consumidores da Apple têm para com os seus produtos é uma das relações “produto/consumidor” mais fortes no mercado da tecnologia.
Assim, o título de “Empresa mais admirada no mundo” entre 2008 a 2012, pela Fortune magazine reflecte a posição da Apple no mundo, que até Julho de 2011 tinha espalhado pelo mundo 364 lojas de retalho da Apple. De 2010 para 2011, o volume de receitas da empresa norte-americana cresceu de 49 bilhões de euros para 138 bilhões de euros tornando-a numa das empresas mais rentáveis, muito graças ao sucesso do iPhone, iPad e iPod, que deram à Apple, em 2008, o terceiro lugar no mercado de venda de telemóveis graças ao sucesso de iPhone.
No fundo, o sucesso da Apple e a forma como a empresa actua no mercado é uma reflexão da forma como Steve Jobs acreditava que a vida devia ser levada: “Não deixe que o barulho da opinião dos outros cale a sua própria voz interior. E o mais importante, tenha a coragem de seguir o seu coração e a sua intuição. Eles, de alguma forma, já sabem o que você realmente se quer tornar. Tudo o resto é secundário.”