Ultimamente – mas não tão recentemente – tenho observado mais acontecimentos próximos a mim, que me fazem questionar quando é que um adulto cresce.
Se é que cresce.
Não falo obviamente em estatura. Digo em comportamento, ações, atitudes e valores. Por vezes ainda penso que pode até ser um exagero da minha parte ou excesso de julgamento da vida alheia, mas logo a seguir acontecem situações que realmente não deixam essa análise escapar e caio na tentação de analisar – talvez um pouco influenciada pela veia de psicologia que habita em nós – e mesmo que um mais, outro menos, dificilmente há quem nunca julgue ou reflita sobre os atos alheios. Ou ao menos comente e analise.
Podia ser só uma análise e pronto. Mas o ponto alvo desse tema é que muitos desses comportamentos refletem no outro, quando vivemos em sociedade.
Por muitas vezes me deparei com ocasiões que me levam a questionar a humanidade mesmo. De pensar também na geração futura. Como crianças e adolescentes, criados por adultos assim, que acabam por vezes serem mais infantis do que as próprias crias, podem aprender a evoluir e crescer, em todos os sentidos?
São crescidos a fazer birra, “batendo o pé” porque querem ser atendidos naquele exato momento, sem ter qualquer tolerância (mesmo como uma criança pequena que ainda, obviamente, não tem a maturidade de perceber que imprevistos acontecem).
Ou crescidos que tratam mesmo mal alguém, devido sua condição financeira, orientação sexual, nacionalidade, escolha religiosa e/ou política.
Ou ainda aqueles que se comportam de forma afrontosa quando se deparam com uma negação de algo que gostariam de ter de imediato (não aceitam serem contrariados).
Crescidos que seguem na “asa” dos pais, sem o mínimo de reconhecimento e gratidão, somente porque evitam viver a própria vida, com tudo que engloba crescer: contas a pagar, responsabilidades a cumprir, horários, comprometimento, tarefas…. Fogem literalmente do que é ser grande! E agem porque também sabem que tem quem abafe todo e qualquer ato erróneo.
Omitem o que fazem e falam muitas das vezes, por se sentirem sempre protegidos por outro alguém, que exerça sempre o papel de “passar a mão na cabeça”, impedindo o tal crescimento necessário.
Ainda são aqueles que também soltam a famosa frase: “Você sabe com quem está falando?” – assumindo escancaradamente o papel de prepotência e de certeza que é melhor que todos.
“Adultos infantis”, se assim podem ser nomeados, apresentam por norma, comportamentos e atitudes imaturas. Fogem de responsabilidades, demostram forte dependência emocional, buscando validação e atenção quase constante dos outros e consequentemente agem por impulsividade, devido a imaturidade, com grande dificuldade em lidar com frustrações e emoções. Provavelmente a forma de criação reflete diretamente nesses traços de personalidade. As causa podem variar, desde traumas de infância até uma busca constante em não saírem de uma zona de conforto, evitando por crescer efetivamente.
E quem convive diretamente com pessoas assim, acabam por se cansar. Literalmente.
Recentemente, em uma reunião escolar, tive aquela sensação de vergonha alheia, onde vi pais a se comportarem de forma mais imatura do que os próprios filhos estudantes, ao ponto de me questionar se não eram eles que tinham que voltar para todo o percurso educacional e tentar que algo fosse salvo. Adultos utilizando um vocabulário agressivo e pobre de argumentos, tentando convencer de forma abusiva e desrespeitosa, o seu ponto de vista.
Em outra situação, me deparei com um pai que insistia em afirmar que miúdos de 6 anos, como os filhos, podem e devem dar uns tapas entre eles, que são brigas normais nessa idade. Sei que aí entra também uma questão de valores e princípios. Mas sem dúvida, a falta de maturidade e crescimento, também impera.
Próximo a mim, vejo pessoas entre 40 e 50 anos, com fortes características de um “adulto infantil”. Não parecem querer, ou não sabem mesmo, crescer. Delegam responsabilidades, se esquivam de problemas, não assumem atitudes e seguem na tentativa de proteção de um outro adulto, possivelmente mais estável e maduro. Seja um pai, mãe, avós ou qualquer outra pessoa que assuma o papel de líder, já serve. E o papel principal desse é o da vitimização, o de estar sempre por baixo, o desprotegido, o mal-amado, o malcuidado. E quem toma para si o cuidado da super proteção, acaba por vezes sobrecarregado e leva consigo a sensação de obrigação de cuidar eternamente desse crescido não desenvolvido.
Adultos dentro desse perfil, na maioria das vezes, precisam ter a atenção voltada para si e agem como crianças que querem e precisam ser notadas o tempo todo. Quando querem atenção ou que sejam reconhecidos agem com dramaticidade excessiva, em busca de total proteção. Pode ser uma forma de defesa, pois com esse tipo de comportamento serve de estratégia para lidar com as situações estressantes que possam frustrá-las. Mas também não costumam perceber que isso é um círculo vicioso e que em determinado momento, alcance o limite da paciência e compaixão de quem, com isso, é obrigado a conviver.
Para os que são esses tipos de adultos não crescidos, queria desejar evolução para que tudo ficasse mais fácil.
Para os que convivem com eles, desejo um pouco de paciência e que tenham coragem e oportunidade de dizer o quão desagradável é, quando com esses, precisam conviver.
Nota: Esse texto foi escrito seguindo as normas do Português do Brasil