Política da cabeça na areia

Com o perigo do populismo a ser uma evidência cada vez maior no mundo ocidental, os europeus e norte americanos preferem apostar em teorias tresloucadas e sem nexo em vez de enfrentar o real cerne da questão. Chamo a isto “política da cabeça na areia”, e a forma como esta dita política tem ganho cada vez mais adeptos é preocupante e sinal de que isto vai acabar mal. Muito mal.

A chegada de Donald Trump ao poder nos Estados Unidos da América despertou o ocidente para a problemática do populismo. Não que a eleição de Trump tenha sido o primeiro sintoma da presença do dito problema (a Áustria esteve quase a eleger um Presidente oriundo da extrema direita), mas o ocidente preocupou-se tarde demais com o populismo, porque Donald Trump é um lunático com poder a mais. Convêm frisar que os Estados Unidos da América são uma nação belicista dona e senhora de um tremendo arsenal nuclear. Para mais estes mesmos “States” tem uma irracional tendência para arranjar conflitos e forjar alianças perigosas (Síria, Coreia do Sul e Israel são disto bons exemplos).

Contudo, cá pela Europa a problemática do populismo é – repito – antiga e está neste momento a colocar em xeque toda a construção europeia. Isto porque Holanda, França e Alemanha vão iniciar os seus processos eleitorais e tem como grandes favoritos à vitória personagens cujas ideias políticas e formas de estar no mundo são piores do que as de Trump.

E aqui é que reside a grande questão. O que leva a que, por exemplo, um lunático como Geert Wilders possa ser o grande favorito nas próximas eleições legislativas da Holanda? A resposta é simples e não passa pela parvoíce que a Comunicação Social tem dito e escrito nos últimos tempos.

Geert Wilders e Marine Le Pen não são os grandes favoritos a vencer as eleições dos seus países por causa de uma suposta interferência russa. Assim como Donald Trump não foi eleito por causa dos Russos. Tal como Nobert Hofer não esteve quase a ser Presidente da República da Áustria por causa da Rússia de Vladimir Putin. Tudo isto é um grande engodo que faz com que se esconda a cabeça na areia em vez de se perceber o que faz com que hoje em dia tenhamos pessoas como estas no poder ou muito próximas de o conquistar.

Se a nossa sociedade, políticos e demais membros da Comunicação Social ocidentais procurassem perceber porquê razão tem de ser sempre os mesmos a sofrer as mesmas duras consequências sempre que uma crise financeira e económica assola o ocidente, rapidamente perceberiam porque o quão ridículo é esta tal tese dos russos que pretendem dominar o Mundo.

Em jeito de conclusão, queria somente dizer que não deixa de ser curioso que a Europa estremeça com o que pode suceder nas próximas eleições na Holanda e França, quando durante anos a fio aceitou de bom grado e, inclusive, apoiou Viktor Orbán, Ewa Kopacz e Petro Poroshenko. Personagens mais “trumpistas” do que o próprio Donald Trump!

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