Eis que regressa a União Soviética

O final da década de 80 do século passado ficou marcado pelo fim do Império Soviético. A União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) começou a colapsar e a ceder aos nacionalismos que cresciam a olhos vistos nos Países da dita União. A força dos Tanques Soviéticos já não era a mesma de outrora e aquele que outrora era um “País” orgulhoso, poderoso e respeitado acabou por se desfazer num enorme mosaico de pequenas Nações (à excepção da Federação Russa, claro está).

Na altura, nada fazia prever que a União Soviética iria “ressuscitar”. Regressou noutro formato é um facto, adaptou-se ao seu velho inimigo Capitalismo e ganhou força ao longo dos anos até ser aquilo que nós conhecemos actualmente.

Presumo que o Leitor mais distraído ainda não tenha percebido que União Soviética é esta de que estou aqui a falar. Eu explico. Refiro-me à Zona Euro da União Europeia cujo Modus Operandi (MO) é uma cópia quase fiel ao da URSS. A única diferença é que a União Soviética do Século XXI, da qual Portugal faz parte, não utiliza Tanques e Tropas para impor a sua vontade. Recorre antes a algo bem mais eficaz: o €.

Discordam?

Então vejamos, de que forma lidou Moscovo com aquilo que ficou conhecido como a “Primavera de Praga”? Retaliou com Tanques e Tropas sobre uma população que tinha escolhido, de uma forma Democrática, um caminho que não era o desejado por Moscovo da altura. E como reage hoje em dia a Zona Euro a uma escolha Democrática de um Povo (no caso o Grego) que contraria o caminho traçado por Berlim? Retaliando, ameaçando e extorquindo por ordem expressa e inequívoca de Berlim, que, diga-se, é há muito e por imposição da força o centro decisório desta nova União Soviética.

De certeza que por esta altura já terei a concordância dos leitores. A União Soviética voltou e, pelo que vou vendo, veio para ficar.

Tudo isto para chegar à seguinte conclusão: o problema da Grécia é essencialmente político. A questão económica/financeira encontra-se, como sempre se encontrou, em segundo plano.

Se os Gregos tivessem escolhido para seus Governantes pessoas alinhadas com o pensamento dominante da União Soviética dos nossos dias, de certeza que não teriam surgido nem um terço dos problemas que estamos a ver. Todo e qualquer tipo de financiamento de parte da Europa teria sido de imediato disponibilizado a Atenas para que os Helénicos pudessem cumprir, a tempo e horas, as suas obrigações financeiras para com o Fundo Monetário Internacional (FMI). E não tenho dúvidas de que tal disponibilização teria sido feita com vantagens para os Gregos (entenda-se, menos austeridade, ou austeridade mais “suave”).

Ora, perante tal digo, com muita mágoa e apreensão, que um Governo eleito democraticamente tem os seus dias contados independentemente do resultado que o Referendo de Tispras venha a ditar. E isto porque minhas Senhoras e meus Senhores, a União Soviética se fartou de fazer parte dos poeirentos livros de história.

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