Longe vão os tempos em que as pessoas acumulavam colecções gigantescas de CD’s, em casa. Hoje em dia, basta ligar a Internet, aceder a um site e baixar as músicas que nos apetecem. Um hábito que tem contribuído para a proliferação de sites de pirataria, o que a Indústria Discográfica encara com maus olhos. Tudo leva a crer que é uma guerra perdida e, quiçá, não seja assim tão prejudicial para os artistas, como se imagina.
É o que diz um estudo encomendado pela Comissão Europeia. A pesquisa acompanhou, durante todo o ano de 2011, o comportamento de 16 mil utilizadores de sites de partilha de música ilegais do Reino Unido, da França, da Alemanha, da Itália e da Espanha, e verificou que boa parte destes utilizadores não compraria essas mesmas músicas nas lojas, caso estas opções não existissem, pois nem sequer conheceriam os artistas em causa. Concluiu-se também que muitos dos utilizadores usam este tipo de serviços com o objectivo de “alargar horizontes”, acabando por comprar música nos serviços legais e até de forma mais regular. O que justifica o aumento das receitas da venda de música digital nos últimos anos.
Outro estudo conduzido, nos Estados Unidos da América (EUA), pelo investigador Robert Hammond (entre 2010 e 2011) mostra que a partilha ilegal de ficheiros, além de ser benéfica na venda de música, ajuda a vender mais álbuns. Hammond chegou a esta conclusão depois de avaliar as estatísticas de downloads de álbuns, antes do seu lançamento oficial, com as vendas oficiais dos mesmos. O investigador vai mais longe e refere que perseguir os sites onde os álbuns são disponibilizados ilegalmente, pode prejudicar as vendas. Na sua opinião, a pirataria é uma forma de publicidade, assim como é a rádio.
Os próprios artistas começam a ver vantagens. Um exemplo disso é a banda de heavy metal Iron Maiden, que, para decidir onde deveria apostar mais em espectáculos ao vivo, recolheu dados para identificar os países onde a sua música era mais partilhada ilegalmente. Com esta estratégia, a banda notou que eram bastante populares em vários países da América Latina, como o Brasil, o México e a Venezuela. No caso do Brasil, notaram uma quantidade tal de tráfego que a banda decidiu mesmo realizar uma tournée pelo país. Para teres ideia, num único concerto, em São Paulo, a banda arrecadou receitas superiores a 1,5 milhões de euros.
Outra artista que lida bem com a pirataria musical é Joss Stone e até incentiva os fãs a partilharem as suas músicas. “É-me indiferente se uma pessoa compra, grava, ou partilha a minha música com os amigos. Não me interessa como a ouvem, desde que a ouçam. Desde que venham ao meu espectáculo e passem um bom bocado a assistir ao meu concerto ao vivo, está tudo bem. Não me importo. Fico contente por ouvirem a minha música”. Na sua opinião, os músicos que estão contra o download foram, provavelmente, sujeitos a uma “lavagem cerebral” por parte das Editoras Discográficas.
O mesmo se está a passar com a legislação de vários países. Na Alemanha, só se julga, em eventuais processos, quem tiver baixado mais de três mil músicas (o resto é ignorado), nos EUA, a Justiça fez história ao reconhecer que um download ilegal não equivale a uma venda perdida, no Brasil, a Associação de Direito Autoral não persegue judicialmente os fãs desta prática e a própria União Europeia rejeitou um projecto que visava cortar a Internet a quem fizesse downloads ilegais.
Os tempos mudaram. Nada é para sempre. Em tempos, as espadas foram substituídas pelas pistolas, os correios tiveram que se adaptar, quando surgiram os emails, o mesmo acontece agora com a Indústria da Música, face ao formato digital. O resultado está à vista de todos, há mais concertos do que existiam há uma década e qualquer artista amador pode actualmente colocar a sua música ao alcance de milhões de pessoas, sem precisar de sair do quarto. Se assim não fosse, provavelmente nunca teríamos conhecido vozes como a de Ana Free.
E agora também proliferam muitos sites de escuta online como o Spotify (que uso muito, passe a publicidade) onde se pode escutar álbuns inteiros, o Soundcloud, etc. inclusive no Youtube encontra-se muita música. Portanto, não há mesmo necessidade de se fazer downloads ilegais quando se pode escutar tudo online seja no pc ou no smartphone.