Sir Wiggins e o português Rui Costa também foram destaque neste ano.
O ciclismo mundial foi claramente marcado, este ano, por duas figuras que estiveram relacionadas com casos de doping. De um lado Alberto Contador. O ciclista espanhol acusou clenbuterol (substância que queima gorduras e potencia os músculos), durante a Volta a França de 2010, e foi alvo de suspensão de dois anos por parte da União Ciclista Internacional, o que o levou a perder os títulos do Tour desse ano e do Giro de Itália de 2011. Apesar da ausência, o atleta da Saxo Bank regressou e venceu logo a Volta à Espanha, superiorizando-se a Alejandro Valverde (Movistar) e Joaquin Rodríguez (Katusha). «Depois de tudo o que passei, esta vitória é muito especial para mim e tenho de agradecer a todos os que me ajudaram. É verdade que estive muito tempo sem competir, mas isto é o resultado de muito trabalho e sacrifício», declarou um Contador emocionado, que junta este triunfo à Vuelta e Giro de 2008 e aos Tour de 2007 e 2009. Porém, o corredor está em risco de não participar na Volta à França do próximo ano, visto que ainda não foi convidado pela organização da prova. Por enquanto veja no vídeo – em baixo – a etapa que decidiu a edição deste ano da Volta à Espanha.
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Do outro Lance Armstrong. A Agência Norte-Americana de Anti-Dopagem publicou um relatório, com cerca de 1000 páginas, em que denunciou o esquema que envolvia o ciclista – de 41 anos. Segundo o testemunho de alguns antigos companheiros de Armstrong, como Tyler Hamilton, Floyd Landis, ou George Hincapie, a US Postal pagava a médicos especializados para potenciar o rendimento dos corredores da equipa (de forma a que não fossem descobertos) e avisava os ciclistas em relação às alturas em que seriam controlados. Farto de todas as acusações de que foi alvo, aquele que foi considerado um herói, ao ter regressado ao desporto ao mais alto nível, após ter sobrevivido a um cancro testicular (que lhe afectou o cérebro e os pulmões), anunciou que não iria lutar mais pela sua inocência. Perante isto, a UCI retirou-lhe os sete títulos que conquistou na Volta à França (entre 1999 e 2005) e baniu-o do ciclismo. Isto fez com que perdesse alguns patrocínios, como a Nike, e deixasse de dar o seu nome à fundação que próprio criou, a Fundação Lance Armstrong.
Outra das figuras do ano, mas de um lado mais positivo, foi Bradley Wiggins. O ciclista da Sky conquistou o Tour, superiorizando-se ao seu companheiro Christopher Froome e a Vicenzo Nibali (Liquigas), e foi mesmo congratulado pela Rainha de Inglaterra, através de um comunicado: «Envio-lhe os mais sinceros parabéns por se ter tornado o primeiro ciclista inglês de sempre a conquistar um evento tão importante como a Volta à França». Aliás, o Verão foi extraordinário para Wiggins, na medida em que o corredor também conquistou a medalha de ouro no contra-relógio individual dos Jogos Olímpicos. «Foram seis semanas incríveis. Este era o plano que tinha em mente e consegui. Nada vai superar o Tour e o título olímpico que conquistei», afirmou o corredor, bastante orgulhoso. O ciclista da Sky ainda ganhou a clássica Paris-Nice, a Volta à Romandía (Suíça) e o Critério do Dauphine (França). Wiggins já referiu que quer repetir, em 2013, o título conquistado no Tour, embora a sua participação na prova esteja em risco, pois a intenção da Sky é levar o inglês ao Giro de Itália. No que toca aos Jogos Olímpicos destaque-se ainda o cazaque Alexandr Vinokurov, que se despediu do ciclismo com a medalha de ouro na prova de estrada.
O último grande destaque deste ano no Ciclismo vai para Rui Costa. O ciclista português da Movistar venceu, em Junho, a Volta à Suíça e alcançou alguns bons resultados em clássicas e grandes provas, incluindo top-20 na Volta ao País Basco (15º), Amstel Gold Race (19º), La Flèche Wallonne (18º), clássica Liège-Bastogne-Liège (17º), Volta à França (18º) e Jogos Olímpicos (13º). O corredor, da Póvoa do Varzim, ainda fez parte do top-10 na Volta à Romandía (3º), GP Ouest-France (2º), GP Québec (3º), GP Montreal (8º) e Volta a Pequim (9º). Todos estes excelentes resultados fizeram com que Rui Costa terminasse, este ano, no décimo lugar do ranking da UCI, estando à frente de corredores como os vencedores da Vuelta (Alberto Contador) e do Giro (Ryder Hesjedal) e do campeão do Mundo Philippe Gilbert. Veja no vídeo, em baixo, os melhores momentos do jovem ciclista na Volta à Suíça.
No panorama nacional, o espanhol David Blanco (Efapel/Glassdrive) ganhou a 74ª Volta a Portugal e conquistou o troféu pela quinta vez (2006, 2008, 2009, 2010 e 2012), batendo o recorde de quatro triunfos que estava na posse de Marco Chagas. «A minha alma e o meu coração queriam muito este triunfo. A minha principal característica é ser teimoso, pois se não o fosse não teria conseguido ultrapassar o ano mau que vivi, chegar aqui e vencer. Ainda pensei em deixar o ciclismo mas disfruto tanto desta modalidade que não me consegui afastar», disse Blanco.