Como ser um HCFO de sucesso? – O fundo de investimento

Nos artigos anteriores (Como ser um HCFO de sucesso – O Fundo de emergência – Repórter Sombra e Como ser um HCFO de sucesso? – O fundo de reserva), abordámos os Fundos de Emergência e Reserva como sendo a base da pirâmide da poupança.

Neste artigo, vamos conversar sobre o Fundo de Investimento ou reserva para investimento (não confundir com fundos de investimento, produto financeiro): O que é, para que serve, como, quanto e onde constituir e formas de mobilização?

Após garantirmos a constituição dos fundos da base da poupança (Fundos de emergência e reserva), estamos em condições para passar a ser investidores, conscientes e responsáveis preparados para a gestão equilibrada das finanças da família.

O nosso HCFO (O Diretor Financeiro lá de casa) atingiu a maturidade financeira e, como tal, empenha-se agora em ambicionar retorno do esforço de poupança, transformando uma parte da poupança em investimento adotando um posicionamento ativo com o objetivo fundamental de gerar uma nova fonte de receita permitindo reforçar a fonte de rendimentos da família.

Dinheiro parado, não rende.

Com esta nova consciência e consolidadas que estão as fases relativas à constituição dos fundos de emergência e reserva, o nosso HCFO terá de conhecer um pouco mais os mercados financeiros já que o risco de capital e rendimento passam a estar presentes obrigando ao upgrade do seu perfil de investidor.

O que é o perfil do Investidor?

O perfil do investidor ou o teste de adequação é a forma de obter a maturidade do investidor e caracteriza-se por um questionário tipificado onde se conhece o grau de tolerância ao risco e o conhecimento que os investidores possuem dos produtos e mercados.

A prévia avaliação do perfil do investidor é um dever consagrado que deve reger a atuação do intermediário financeiro, mas também garante ao investidor, em face da honestidade e clareza das suas respostas, a garantia que está a subscrever um produto financeiro adequado ao seu perfil de risco.

Existem quatro tipos de perfil de investidor:

Qual a diferença entre a poupança tradicional e a fase de investimento?

Na fase de investimento é importante compreendermos a mudança de mentalidade que se exige face à tradicional poupança.

Quando constituímos uma poupança temos o objetivo de usar esse dinheiro para consumo futuro, no caso do investimento o que pretendemos é usar o rendimento obtido com esse investimento para utilizarmos em consumo futuro.

Fundo de Investimento ou Reserva para Investimento, o que é e para que serve? O fundo de Investimento é a poupança de longo prazo (>1ano) que prevê a adoção de comportamentos que permitam colocar as suas poupanças a gerar rendimento que conduzam à realização dos nossos sonhos, sejam eles financeiros, velhice ou aquisição de bens duradouros com potencial de gerar adicional rendimento futuro.

O fundo de investimento é especialmente importante para as gerações digitais (Millennial e Z, nascidos após 1980) que cresceram num mundo tecnologicamente muito ativo com inigualável fluxo de informação disponível mas onde o mercado de trabalho se tornou imprevisível tornando imprevisível o futuro financeiro, a decisão de constituição de família ou decisões de investimento de longo prazo. A braços com problemas de sustentabilidade da Segurança Social torna-se fundamental que desde o início da vida ativa se programe a velhice e a saúde a par de se gerar outras fontes de rendimento.

Fundo de investimento: Como aceder? Primeiramente, teremos de compreender plenamente o nosso objetivo a longo prazo, bem como o nosso perfil de risco que é medido pelo perfil do Investidor.

Em que aplicações é constituído o fundo de Investimento ou Reserva para Investimento?

  • Fundos de Investimento e ETF – É um tipo de aplicação financeira muito abrangente percorrendo das curtas maturidades até maturidades que podem ultrapassar os 5 anos. Da mesma forma, as suas carteiras são compostas geralmente diversos ativos, pelo que alegadamente o risco de mercado estará diluído. Estamos interessados em que o “nosso” fundo de investimento incorpore ações (nacionais e internacionais), obrigações (nacionais e internacionais, soberanas, convertíveis, etc.), derivados. O risco de perda de capital, apesar de existir, encontra-se diluído pela composição dos ativos da carteira assim como a sua rentabilidade está dependente da evolução da cotação dos ativos em carteira. A remuneração dos fundos é gerada no momento do resgate.
Fonte: BPSAT
  • Obrigações – As obrigações correspondem à aplicação que traduz um “empréstimo” do aforrador à entidade emitente por contrapartida de uma remuneração (cupão) durante um período determinado (maturidade). O risco de insolvência encontra-se na entidade que emitiu as obrigações (Empresas, Estado, etc.), daí a existência de risco associado ao retorno da poupança aplicada.
  • Ações – As empresas que se pretendem financiar podem recorrer ao mercado através da emissão de ações que representam uma parte do capital social da empresa. Ao adquirir ações está a tornar-se acionista/sócio, investidor de uma empresa potencialmente lucrativa, mas não isenta de riscos. De facto o preço pelo qual compra a ação provavelmente não será o mesmo preço do momento da venda. As ações são muito voláteis e diz-nos o senso comum que nunca deveremos investir todas as nossas poupanças numa só ação porque transportamos o risco subjacente àquela ação a todo o nosso património financeiro.
  • PPR (Plano poupança Reforma) – Como o próprio nome indica é a aplicação financeira que permite especificamente criação de poupança para a velhice (levantamento total ou parcial a partir 60 anos idade), enquanto complemento de reforma, sendo que atualmente e por força da atual conjuntura é permitido o reembolso para outras finalidades (Desemprego longa duração e empréstimos para compra habitação permanente). Por ser um dos pilares fundamentais à garantia de meios de subsistência na velhice, o Estado Português proporciona incentivos fiscais às entregas efetuadas anualmente. Prazo mínimo de investimento é de 5 anos, e pode optar pela opção de capital garantido ou apostar no potencial de rendimento de longo prazo e subscrever PPR que investe em ações.
  • Fundo de Pensões – Apesar de ter uma filosofia semelhante ao PPR, trata-se de um produto mais rígido já que só permite a mobilização aos 60 anos de idade do subscritor (exceto se as entregas foram feitas pelo aforrador e não pela empresa).
  • Seguros Capitalização – São comercializados por seguradoras e combinam o seguro de vida com o investimento geralmente por prazos alargados e podem ou não garantir capital, dependendo da classe de ativos subjacente. Note-se que a panóplia de produtos de investimento não termina aqui, todavia o nosso artigo concentra-se em produtos destinados ao aforrador médio em Portugal considerando que os restantes produtos se destinam a investidores profissionais e a profundos conhecedores dos mercados financeiros.
  • Outros – Imobiliário, Criptomoedas, etc.

Qual o valor que deveremos manter no fundo de Investimento ou Reserva para Investimento?

De acordo com o exemplo que estamos a seguir o valor a aplicar pelo casal é de cerca 15% do valor a afetar à poupança considerando a maturidade da aplicação bem como a sua volatilidade e objetivos. Todavia, o ciclo da poupança familiar altera-se tal como o ciclo de consumo.

De qualquer forma, a entrada na fase de Investimento não é exigente em termos de mínimos de acesso. Existem aplicações que permitem entrada com 100,00€. É uma questão de escolher o produto que melhor se adapta aos seus objetivos, sensibilidade ao risco e potencial rentabilidade.

Como começar a investir?

Existem algumas sugestões para quando chegar o momento se sinta preparado para iniciar uma fase super emocionante na gestão financeira da família.

  1. Leia, leia muito antes de entrar no admirável mundo dos investimentos;
  2. Defina os seus objetivos de investimento;
  3. Defina o risco que está preparado para assumir;
  4. Inicie-se nos mercados recorrendo a produtos massificados e consolidados;
  5. Se optar por aconselhamento especializado não se esqueça que o comissionamento é já uma parte do rendimento que deixa de receber;
  6. Não espere fazer investimentos de longo prazo para obter rendimento a curto prazo;
  7. Não coloque os ovos todos no mesmo cesto. Diversifique;
  8. Reavalie periodicamente os seus investimentos e equacione alterações de carteira.

A teoria do 50*30*20

Esta teoria desenhada no livro “All your worth: The ultimate lifetime money plan” de Elizabeth Warren e Amelia Tyagi, pretende organizar a forma de distribuição do rendimento liquido destinado à poupança.

O Fundo de emergência deverá obter 50% do nosso esforço de poupança já que permitirá satisfazer as despesas com necessidades inadiáveis, muitas vezes não programadas.

O Fundo de reserva, obtendo 30% do esforço, permite criar poupança para a satisfação de desejos (férias, cultura, atividades sociais, etc).

O Fundo de Investimento, absorve os restantes 20% do esforço de poupança e destina-se a criar nova fonte de rendimento, a programar reforma.

É uma teoria que basicamente pretende orientar o aforrador. Na construção do orçamento familiar, o HCFO deverá, em conselho de família, identificar a forma com será efetuada a distribuição considerando também os objetivos

Bons negócios!

Nota: este artigo foi escrito seguindo as regras do Novo Acordo Ortográfico
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