O livro Longa Pétala de Mar, de Isabel Allende, conta a história de um casamento por conveniência entre duas pessoas, apaixonadas por outras pessoas, que pode afinal não ser o que parece.
Esta é a história das personagens principais deste livro, as suas aventuras conduzem-nos ao longo de uma uma viagem no tempo, que começa em 1938 e termina em 1994. Ficamos a conhecer a guerra civil espanhola e o fascismo de Franco, que se amigou ao nazismo e deu origem à segunda guerra mundial. Infelizmente, tudo temas que voltaram à ordem do dia e, por isso, toda a informação que nos recorda os horrores que os nossos antepassados viveram fazem-nos não mais querer voltar a esse lugar.
Este livro parece um “conta-me como foi” (Série portuguesa da RTP), mas em livro, ao estilo de Isabel Allende, que despe homens e mulheres e mostra a profundidade da alma humana com as suas complexidades e vulnerabilidades, onde as histórias de amor e paixão podem afinal ser simples, porém nunca fáceis, como a malha emocional assim o exige.
As histórias de amor e amizade são contadas em contexto de guerra e paz, e o enquadramento político traz verdade à vida das personagens exiladas que saltam de país em país sem nunca deixarem de ser exiladas.
A narração fiel à História e às personagens históricas como Pablo Neruda ou Salvador Allende, com as personagens de ficção e as suas histórias familiares e de amor, fazem-nos conhecer não só a mentalidade da época como ficamos também a conhecer os países da América Latina como o Chile, a Argentina e a Venezuela.
Numa altura em que temos novamente guerra na Europa, e sem nunca esquecer a crise de refugiados que nunca deixamos de viver, a história deste livro não poderia ser mais atual.
O prefácio do livro, que termina com a frase da autora, “se vivermos o suficiente, veremos que todos os círculos se completam”, dá a entender que nesta obra nada ficou por dizer.
Um livro denso e leve, como os ciclos da vida, que eu aconselho muito a ler.