De que forma é que a esperança de alcançar algo positivo nos faz lutar pela mudança? É o mote para hoje. Árdua tarefa, até para uma optimista assumida como eu. Como é que se descreve uma força invisível, altamente individual e subjectiva?
Ora, então, a esperança é o combustível que nos move quanto tudo o resto falha, quando a determinação fraqueja, quando as adversidades são maiores do que as forças. É a ela que nos agarramos, é ela que nos puxa (ou empurra) quando o caminho fica difícil. É fé, determinação, persistência, expectativa. Tudo junto e às vezes tudo irrazoável.
É o que nos encoraja a arriscar e nos impede de ficar estagnados em situações que não nos satisfazem. Ela dá-nos a coragem necessária para perseguir os nossos sonhos e objetivos, mesmo quando o caminho parece difícil ou incerto.
Além disso, a esperança ajuda-nos a superar o medo do fracasso. Quando acreditamos que uma mudança positiva é realmente possível, estamos mais dispostos a enfrentar os desafios e as adversidades que podem surgir, com a confiança de que, mesmo encontrando obstáculos ao longo do caminho, somos capazes de os superar e continuar em direção aos nossos objectivos.
Ela permite-nos ver oportunidades onde antes só víamos dificuldades, explorar novos caminhos e procurar soluções criativas para os problemas que vão surgindo. Faz-nos capazes de ver além das limitações e das arduidades, encontrando alternativas e possibilidades.
Não concebo a ideia de ter esperança em algo negativo – “Ai espero que isto me corra mesmo mal” – no meu entender, a esperança apenas pode ter como intenção conduzir-nos a algo positivo, ou, pelo menos, que seja negativo para outros mas sempre positivo para quem espera.
No trilho da mudança, a esperança não chega. É preciso que seja aliada à acção por forma a construir o caminho até ao objecto. É preciso um ímpeto, às vezes uma pitada de impulso fresco, outras uma mão cheia de persistência de quem segue cansado, mas segue, e depois de morto ainda rasteja mais uns metros. É a esperança de melhorar que nos leva a tomar decisões corajosas e a sair da nossa zona de conforto, porque afinal de contas, nada de novo acontece por lá. Muitas vezes, é necessário abandonar velhos hábitos e enfrentar o desconhecido. E isso é difícil. Muito.
Para que a esperança se transforme em mudança real, é necessário agir de forma consistente e comprometida. É preciso estabelecer metas realistas, traçar um plano de ação e persistir mesmo quando chovem picaretas. A esperança é o que nos leva a começar, mas é a determinação e a dedicação que nos permitem alcançar resultados concretos.
“A esperança é a última a morrer”, diz-se por aí. Então, a esperança é resistente, dura além de tudo o resto, além da realidade, entra em territórios perigosos, pisa solos inférteis e passa por caminhos bem sinuosos. Isto não pode ser sempre bom. Se a esperança fica apesar de, não nos vai conduzir sempre a bom porto. Há alturas em que precisamos simplesmente saber desistir, afinal de contas “todo o cadáver, no Monte Evereste, já foi um dia uma pessoa altamente motivada” (frase que me tem perseguido ao longo da semana).
A esperança é, sem dúvida, essencial à vida. É também curiosa.
É a esperança de ganhar que leva as pessoas a jogar no Euromilhões religiosamente todas as terças e sextas, somando milhares de euros gastos em jogos de fortuna ou azar, mesmo não tendo nenhum resultado expressivo durante anos.
E quem se lembra do #vaificartudobem? Ficou? Não sei bem, o mundo tem tido dias sombrios. Mas o facto é que tínhamos que acreditar, tínhamos que ter em vista algo positivo, o que nos ajudou a suportar meses e meses de isolamento social, máscaras obrigatórias e fluxogramas inflexíveis para entrar e sair da padaria.
Concluindo: sonhar, acreditar, fazer, persistir. Parece ser esta a receita simplificada que nos leva, efectivamente, a alcançar as melhorias que pretendemos para a nossa vida.