MONEY, MONEY, MONEY

Não vivemos sem ele, mas muitos consideram-no um mal, um inimigo, uma força maligna que nos impede de viver a vida que é suposto termos. Porquê?

Esta relação de amor-ódio com o dinheiro remonta a tempos e crenças mais antigas e enraizadas de que «o amor ao dinheiro é raiz de todos os males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores» (1 Timóteo 6:10, em versão João Ferreira de Almeida atualizada).

Contudo, será que o dinheiro é a causa de todos os problemas que enfrentamos na sociedade atual? Será a religião a culpada por este tipo de ideia? Não. A relação entre o dinheiro e o mal é multifacetada.

O dinheiro pode exercer um poder corruptor sobre as pessoas. Ao longo da história vimos inúmeros casos de como a acumulação de riqueza transformou indivíduos nobres em tiranos impiedosos, como Nero, por exemplo. Vimos a subjugação dos senhores feudais sobre os camponeses que eram explorados e viviam na miséria enquanto os senhores se banqueteavam com os seus luxos. As diferenças entre os nobres, o clero e o restante povo, ou servos, era tremendamente desigual e criava sentimentos de raiva e injustiça.

A ganância por dinheiro também tem sido responsável por inúmeros casos de corrupção em todo o mundo. Enquanto alguns enriquecem fraudulentamente, outros são levados à falência, ao desemprego e à pobreza. É comum sabermos que os dois mundos não se misturam.

Hoje, vivemos numa sociedade consumista em que a ideia de ter mais e ostentar bens materiais de luxo é sinónimo de sucesso e felicidade. Este consumismo, ampliado pelas redes sociais e ditadores de modas ou influencers, coloca um fardo sobre as famílias que muitas vezes se endividam e criam ideias falsas sobre produtos e bens que não precisam, mas pensam que sim. Essa busca incessante por riqueza conduz muitas vezes a frustrações e deixa muitos presos a um ciclo interminável de desejo e insatisfação. 

No entanto, tudo depende da intenção, da mentalidade e da maneira como o dinheiro é adquirido e usado. O texto citado no início não diz que o problema é o dinheiro, mas sim o amor ao dinheiro.

Porque não aproveitar o potencial que o dinheiro tem para nos trazer alegria, felicidade e gratidão – especialmente quando o damos livremente e com a mesma energia positiva com que o recebemos?

Vejamos o caso de pessoas que eram pobres e que conseguiram ficar ricas. Em vez de ficarem com o nariz ficar empinado, decidiram ajudar outras. Negra, filha de mãe solteira, violada, espancada e pobre, é atualmente uma das mulheres mais ricas do mundo – Oprah Winfrey. No entanto, é muito conhecida pelas suas ações filantrópicas e doações, no valor de milhões de dólares.

Outro caso é o ator Keanu Reeves. Doou 70% dos seus ganhos originais do filme Matrix para estudos de pesquisa sobre o cancro, além de outras doações filantrópicas e a criação de uma fundação sem fins lucrativos para ajudar crianças a saírem da pobreza.

Mais: o nosso português Cristiano Ronaldo. Sempre a somar vitórias e a faturar. Com um passado pobre, no entanto, a sua veia de caridade é bem conhecida.

Ou seja, o dinheiro pode e deve ser visto com uma ferramenta que nos pode ajudar e pode ajudar outros. É importante perceber o seu ciclo e fluxo – dar, receber; sai, entra.

Só é mau se concentrarmos a nossa vida em acumular mais e mais nunca nos contentando com o que já temos. Devemos saber ser gratos e não avarentos. De acordo com a lei da atração, atraímos aquilo que damos, aquilo que somos.

A Bíblia também diz: «Há mais felicidade em dar do que em receber.»

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