“Never hide” (nunca te escondas) é a mensagem que a marca de óculos Ray-Ban passa nos seus anúncios publicitários. Numa das imagens destas publicidades, podemos ver um casal gay, de mãos dadas. Além disso, a imagem revela o casal numa sociedade dos anos 40-50 do século passado. Um passo enorme em sociedades muitas vezes conservadoras ainda. A campanha pretendia homenagear o escritor Taylor Mead – que dizia que “na década de 40 ser homossexual era ilegal” –, não só conseguiu passar a sua mensagem, como mostrar um outro ponto: ser gay não significa ser diferente. Ser gay não significa vestir-se de forma diferente.
Ou será que vestem? Cláudia Morais, numa investigação sobre o tema, afirma que os homossexuais “gostam de moda, além de buscar inovações e novas marcas que suplantem as suas necessidades de consumo de moda”, para além de que este segmento de mercado é “um consumidor muito exigente, instruído, tem uma vida social activa e, por este motivo, tem uma relação de proximidade com a moda”, usando-a para se “expressar, se destacar e se posicionar socialmente”.
Embora a Moda ser uma vertente associada mais ao género feminino, hoje está a mudar cada vez mais rápido. O mercado masculino está a crescer, já que os homens, não só os gays, estão cada vez mais preocupados com a sua aparência. E para que as marcas sobrevivam num mercado cada vez mais feroz, têm que acompanhar as tendências do mercado. De um outro segmento de mercado fazem parte os homossexuais – homens e mulheres –, um segmento que “merece ser levado a sério e merece atenção” pelo seu grande poder de compra, segundo a investigadora.
Assim, cada vez mais marcas têm prestado atenção a este segmento de mercado, não só oferecendo produtos, mas também comunicando com eles, seja através da Publicidade, seja através da Comunicação, usando muitas vezes as redes sociais para mostrar mensagens de apoio a comunidade gay.
[WRGF id=15762]O movimento intensificou-se especialmente depois da Suprema Corte dos Estados Unidos da América ter aprovado o casamento gay em todo o país, no início deste Verão. Muitas foram as marcas que mostraram apoio à causa através de imagens com a bandeira arco-íris, destacando-se entre elas o Facebook, o Spotify, ou a Apple e muitas outras que colocaram a bandeira nas imagens das suas redes sociais.
Mais ainda, não pode ser esquecido o facto de grandes estilistas serem gays. Estilistas que influenciam não só a moda das passarelas, mas a moda da rua, do dia-a-dia. Nomes como Marc Jacobs, Tom Ford, Domenico Dolce e Stefano Gabbana são só alguns que ditam as tendências da moda e que são homossexuais. Para além destes, vários actores e actrizes, modelos e celebridades homossexuais influenciam a forma de vestir em muitas sociedades, para além de que e apesar de saber que são gays, a sua opção sexual não influencia em nada a forma como a sociedade olha para eles.
Ivan Martins, editor-executivo da revista brasileira ÉPOCA, afirma ainda, num dos seus artigos, que as tendências gays influenciaram e ainda influenciam a “cultura masculina para melhor”:
“O primeiro impacto óbvio da cultura gay no mundo masculino aconteceu no universo da aparência. Desde os anos 60, os homens aproximaram-se dramaticamente das mulheres na maneira de se relacionar com a moda e com o corpo. Deem uma olhadela nas ruas: a rapariga está cada vez mais andrógena, confundindo os códigos masculinos e femininos. Você olha o rapaz, ou para a rapariga e demora alguns segundos para definir o género daquela figura ambígua. E às vezes nem consegue. Essa ambiguidade é um dos resultados radicais da influência gay na aparência masculina.”