Na maioria dos super-heróis, quando se tira o fato, a máscara e a capa, o que se encontra por baixo é um homem branco, mas nem sempre. Como parte de um esforço contínuo para diversificar as suas ofertas, a Marvel Comics lançou uma série cuja personagem principal, Kamala Khan, é uma adolescente muçulmana que mora em Jersey City.
Em 2014, a Marvel apresentou a sua nova versão em banda desenhada da Ms. Marvel: Kamala Khan, a primeira super-heroína muçulmana a conquistar o seu próprio título a solo na Marvel. Nerd, uma adolescente paquistanesa-americana de New Jersey, devotada ao Tumblr, a nova Ms. Marvel foi um sucesso imediato. Kamala Khan quebrou recordes e estereótipos. A sua banda desenhada de estreia recebeu uma rara sexta impressão e a personagem depressa se tornou um sucesso no cosplay, em convenções geek.
Kamala Khan é a filha mais nova de uma família paquistanesa que se mudou para os Estados Unidos da América. Ela nasceu já em solo americano, mais precisamente na cidade de New Jersey. Contudo, por mais que leve uma vida ocidental, não quer dizer que se tenha desligado da sua cultura. Tanto Kamala como a sua família ainda são religiosos, embora tenham uma postura bem mais liberal que o resto da comunidade muçulmana.
Quando Kamala descobre os seus poderes, incluindo a capacidade de mudar de forma, ela assume o nome de código Ms. Marvel – o que Carol Danvers, a Capitã Marvel, chamava a si mesma, quando começou o seu percurso de super-heroína.
No entanto, desde a sua estreia, Kamala também se tornou em algo mais: um símbolo no mundo real de protesto contra a islamofobia. Em 2015, um grupo ativista de arte de rua de San Francisco, Street Cred, usou a sua imagem em resposta a uma série de anúncios racistas presentes em autocarros que tinham sido comprados por um grupo antimuçulmano. Os artistas estrategicamente vandalizaram os anúncios usando a imagem de Kamala, incentivando os transeuntes a espalhar amor e não ódio pela comunidade muçulmana.
Agora, num clima político e cultural tumultuoso, após a eleição do presidente Donald Trump e a sua “proibição muçulmana”, Kamala surgiu como a líder de um grupo de super-heróis ligado à justiça social, os Champions. Reivindicada por manifestantes e pelos meios de comunicação social, Ms. Marvel, juntamente com outros super-heróis icónicos como Capitão América e Mulher Maravilha, tornou-se num símbolo de resistência às mudanças radicais que Trump criou, durante sua primeira semana no cargo.
O artista Phil Noto recentemente remixou uma das suas próprias capas de banda desenhada para simbolizar a reação de Kamala à presidência de Trump.
Kamala é um lembrete gritante de que há um humano – talvez até mesmo um super-humano – por detrás dos viajantes e refugiados, cujas vidas correm risco como resultado das proibições que lhes são impostas. Uma ideia que vários artistas online aperfeiçoaram.
Esperemos que esta abordagem da Marvel seja para manter, que aproveitem a sua grande quantidade de fãs para espalhar mensagens importantes e que apoiem as minorias, fazendo assim parte da luta por um mundo melhor.