Nunca um termo me pareceu tão perfeito para explicar algo ou nada. Ora bem, o que é uma palavra “homónima”? Vejamos, o que é mesmo uma palavra? Bolas, já me esqueci sobre o que queria escrever.
Parece engraçado, mas de engraçado isto nada tem, pois fiquei na dúvida se queria escrever prescrição farmacológica no âmbito da saúde ou prescrição de prazos para acusações criminais. Palavras perfeitas, onde a sua grafia é idêntica e foneticamente se pronunciam e ouvem da mesma forma. Prescrição.
Onde podemos utilizar esta palavra, de forma homónima, dentro do mesmo assunto? Não querendo ser mau, mas é ideal, perfeita até, para o “Banco Mau”, o processo “BES,” pois, claro.
De um lado, existe a prescrição farmacológica ao senhor Dr. Ricardo Salgado, nomeadamente ao seu Alzheimer. Do outro lado, temos a prescrição eminente de crimes evocados, em fase de inquérito, mas, até agora, não levados a julgamento. Dez anos depois, ainda andamos nisto. Que dirão os “lesados do BES” que viram as suas poupanças irem por água abaixo?
Observando a cronologia do processo, parece que foi redigida por Franz Kafka, cheia de dúvidas, causando por vezes um nó no raciocínio do leitor. Talvez, assim, se consiga justificar uma década de investigação.
Contudo, o processo não é só feito de desvios de Ricardo Salgado, pois António Costa, a 7 de maio de 2020, garante que não haverá nova injeção, sem qualquer resultado de auditoria e. no dia 8 do mesmo mês e ano, é efetuada uma transferência. Como Mário Centeno explica, pode haver uma falha de comunicação, mas não há uma falha financeira, exceto para os lesados do banco mau, que, em pleno 2024, ainda não se conseguiram fazer ouvir. Já Ricardo Salgado, não se consegue lembrar.
Havia um Ricardo Salgado “mau”, nomeadamente a figura do Grupo Espírito Santo, dono disto tudo como alguns o apelidavam e na sua humilde figura recusou tal termo. No entanto, foquemo-nos no presente, no Ricardo Salgado “bom”, o doente, moribundo, cuja voz se ouve nas escutas e tristemente poderá não se reconhecer. Pode ser que evidencie um brilho nos olhos, já que em conversa telefónica, afirma que a única empresa, do grupo, que produzia alguma coisa é a Espírito Santo Saúde. Talvez seja a aparente falta, de saúde, que o safe. Ou não, porque há quem diga que o seu estado de saúde não lhe garante inimputabilidade. Processo do “caso BES” é algo cheio de situações desconcertantes, num sistema complexo e quiçá, irracional. Kafkiano, pois, claro.