Motivação é o incentivo para um indivíduo realizar ações e dar continuidade ao processo até atingir os objetivos alcançados. Todos os movimentos do Ser Humano são motivados por algum tipo de recompensa. Pode ser tão simples e finita no tempo como ir beber um copo de água ou tão complexa quanto aprender a viver de forma equilibrada com tudo o que de perturbador está à nossa volta.
A pirâmide das necessidades de Maslow publicada em 1943 no artigo “a teoria da motivação humana” tem 5 degraus. Na base encontram-se as motivações geradas por necessidades fisiológicas, como a sede e no topo as necessidades de crescimento pessoal.
Converso com um mar de gente, mais do que claramente me apeteceria, que felizmente têm as suas necessidades básicas resolvidas. Posto isto subiram ao degrau seguinte. Então temos na fatia mais larga pessoas que: a) não se sentem motivadas para ir trabalhar, b) não se sentem motivadas para fazer exercício físico, c) as duas anteriores, d) não se sentem motivadas para fazer nada. Esta última alínea já me parece um assunto mais sensível, uma vez que me alertam para o não estarem motivadas a pedir ajuda e desistir pode ser uma opção.
Atentemos nas pessoas dos três primeiros grupos. Vamos isolar variáveis e partir do princípio de que têm saúde e uma vida pessoal estável e feliz. Serão preguiçosas?
Considero este adjetivo rudimentar e deveras insultuoso. Tanto para a pessoa em si, como para os avanços no campo da neurociência e da psicologia social. Não tenho dúvidas de que o que se passa aqui é uma resistência à mudança pelo motivo mais básico de todos, o medo. A mudança de que falo nem é tão complexa e difícil como a decisão de arriscar num negócio próprio ou mudar de emprego. Isso seria o passo natural depois da atitude mais simples, mudar a forma de pensar. Se as pessoas a) precisam de dinheiro como não podem estar motivadas a trabalhar? Esse será o primeiro passo. Clareza e racionalidade no pensamento.
Parece fácil e faz sentido esta mudança, mas porque será que não acontece? Simples! Há demasiadas distrações no mundo digital e demasiadas opiniões. É difícil isolar e focar no que importa. Para manter este pensamento é preciso ter uma mente que não oscila. Uma mente que todos os dias tenha presente o motivo pelo qual nos levantamos para trabalhar. O medo da mudança, neste caso, prende-se somente com o estar, de alguma forma, a perder conteúdo que ficará para trás se nos limitarmos a viver a vida com foco no necessário. É inconsciente, mas existe. É mais fácil fazer scroll nas redes sociais para estar a par e pelo meio ir digerindo umas frases motivacionais.
Segue-se, então, a fase seguinte. Se aceitarmos a mudança de atitude com muito mais facilidade passaremos à mudança de trabalho se então percebermos que a primeira fase não foi suficiente. Aqui, o sentimento de medo será sentido de uma forma mais racional e estruturado. Será visto como normal e necessário.
A falta de motivação para o exercício físico prende-se, nos mesmos moldes, com a falta de foco naquilo que importa, saúde e autoestima. Aqui, o medo da mudança de atitude prende-se com a dor e o desconforto decorrentes da prática, com a ausência de resultados rápidos e com o receio de que a hora do exercício prejudique as tarefas domésticas e a vida familiar. Dá trabalho fazer exercício, mas também dá trabalho viver com um corpo que não se quer.
Os preguiçosos são só seres humanos com as prioridades trocadas.
Isolar aquilo que realmente importa é a chave para não ter medo de mudar.