Feminismo não é só sobre política

Entende-se por feminismo:

“Doutrina que advoga a defesa dos direitos das mulheres, com base no princípio da igualdade de direitos e de oportunidades entre os sexos.”

(Infopédia)

Atualmente há uma necessidade gigante de todos se juntarem a uma causa, todos temos a obrigação de ter um “leão faminto” dentro de nós, que é um político no comando. Temos de nos intitular a favor ou contra alguma coisa, mesmo que tenhamos alguns julgamentos pré-concebidos contraditórios a esse ideal.

Há uma necessidade gigante de procurar direitos no trabalho, no salário, nos cargos de chefia… No entanto, há uma necessidade igualmente importante de normalizar comportamentos sociais. Existem julgamentos até de mulheres que se dizem “feministas”, só porque gostaram muito do que fulana “tal” disse na televisão. Julgamentos como aqueles que chegam a galope no momento que ficam a saber que uma mulher do seu círculo social tem um perfil no Tinder. Esta será sempre vista por tantos (e essencialmente por tantas) como uma mulher promíscua. No caso de um homem, não é bem isso que acontece, também não a aplaudem, verdade, mas há uma espécie de normalização desse comportamento, pois um homem gostar de sexo é natural e isso numa mulher é quase uma depravação. A verdade é que as mulheres não têm ainda o direito de ter desejo sexual, há ainda o estereótipo de que uma mulher precisa de criar dificuldades para ter uma relação sexual, como se ela fosse somente um objetivo e não alguém que procura prazer na mesma medida que um homem.

Este é um dos direitos mais urgentes a ser falado, o desejo sexual da mulher. Existem muitos homens que se interessam pelo assunto, apoiam a companheira que hoje vai sair à noite e está um “arraso” e que não lhe fazem uma cena de ciúmes com insinuações de adultério. Isto, simplesmente, porque querem ver a mulher que amam feliz e confiante, que ela não se sinta remetida à sombra dele, e que esteja numa relação porque quer. Estar numa relação porque se quer é e deveria ser o único motivo para alguém estar numa relação. A mulher solteira com 30 anos ainda leva constantemente com julgamentos morais, principalmente se não estiver desesperada para entrar num casamento. Já se espera que a mulher seja uma “faz-tudo”, mãe, mulher, trabalhadora, dona de casa, mas não se pode esperar que ela não se contente com qualquer coisa, pois isso é visto como um desperdício de oportunidade de encontrar um par.

Dentro deste tema acho também importante mencionar que para algumas mulheres o conceito de feminismo atualmente está um pouco distorcido. Não se deve ir de um extremo ao outro, há muitas mulheres que numa espécie de desejo de vingança vêm o homem como alguém que necessitam espezinhar. O homem não é um animal que age somente por instinto. Façamos a seguinte questão, porque é que um homem comprometido que olhe para uma mulher bonita é imediatamente condenado? Pela sua natureza. Uma mulher sente-se confortável para fazer isso, essencialmente quando troca impressões sobre perfis de redes sociais em conversas de café com amigas. Há uma espécie de código não escrito de que uma mulher pode fazê-lo porque à partida não terá malicia.

Contudo, o que é a malicia nestes casos? Pensamentos eróticos? Não será um olhar uma simples constatação que é alguém com feições bonitas? Porque na verdade é sem qualquer sentimento de culpa que a maioria das mulheres desvia o olhar, proferindo até a famosa frase “olhar não tira pedaço”. Se todos fossemos julgados pelos nossos pensamentos, estaríamos condenados, no verdadeiro sentido da palavra. Nós somos responsáveis pelas nossas ações, e se elas tiverem limites na interação com o próximo, já temos aqui uma harmonia que não necessita de ser complicada. Da mesma maneira que pregamos uma posição política em tudo nas redes sociais, passemos também a falar com calma, com tolerância, entre amigos de diferentes sexos, talvez numa conversa, num bar, esta harmonia se torne mais real do que com todos os aparatos que colocamos nas redes sociais.

Nota: este artigo foi escrito segundo o Antigo Acordo Ortográfico
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Comments 1
  1. Olá, Helena!
    Fico um pouco confusa com o texto.
    Não entendo se se fala sobre feminismo ou sobre a posição da mulher enquanto Mulher?
    Referir que o desejo sexual da mulher é um direito, parece-me um pouco tolo. E, integrá-lo no que é o feminismo, ainda mais. Fala-se de um direito político ou mistura-se a coisa numa espécie de libertinagem social agregada às redes sociais?
    É certo que a cultura patriarcal à qual estamos inseridos; condiciona a liberdade, perpetua a submissão e o livre arbítrio sobre as vontades e desejos, próprios das mulheres; são castradores de tudo o que as mulheres fazem e dizem, e da forma como se mostram.
    Mas, o feminismo não é isso. É efectivamente, um movimento que surgiu em prol dos direitos das mulheres e, não dos seus desejos sexuais. Porém, a nossa tendência é “comercializar e modernizar” as temáticas, misturando-as, muitas vezes sem paralelismo, e gerando ainda mais confusão sobre o assunto.
    🙂

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