Existem vários e para diferentes públicos sendo considerados como o quarto poder. A possibilidade de escolher o que dizer e de que forma dizer, tem um impacto considerável no público e na formação de uma opinião pública.
A sua forma de atuação, umas vezes mais discutíveis do que outras, mas a tendência é a emergência da cultura dos cliques. Vemos isso nos temas apresentados e, no caso dos canais televisivos, pela forma como se reduzem debates complexos sobre o futuro do país a meia hora.
No caso dos jornais impressos, temos uma variedade de títulos, mas teremos mesmo uma variedade? Alguém que passe num quiosque lerá títulos como o Jornal de Notícias, Diário de Notícias, Dinheiro Vivo ou O Jogo. A verdade é esta: o proprietário é só um (e ainda tem na sua propriedade mais títulos); poderia ser apenas uma coincidência, afinal existem mais títulos. Vejamos, a revista Sábado, Record, Correio da Manhã ou Jornal de Negócios. Também neste exemplo, os diferentes títulos têm algo em comum: o proprietário é o mesmo.
Uma das caraterísticas do nosso sistema económico, é a concentração de empresas sob o mesmo proprietário. Isto é verdade para o setor da indústria, cultura, serviços ou meios de comunicação. A justificação é a economia de escala e acesso a mercados que de outro modo, um pequeno jornal não teria possibilidade de entrar. Uma das consequências, no caso dos meios de comunicação, é a mercantilização da informação e uma certa uniformização. O que se decide colocar no papel do jornal e, especialmente, a perspetiva de como se narrará o que aconteceu, ou o próprio evento, é revelador de uma determinada visão da sociedade ou desse mesmo evento.
Afinal, os jornais não são tão neutros como fazem parecer. E isso não teria qualquer problema, desde que fosse claro qual o ponto de vista a ser usado. A aparente neutralidade cria um discurso legitimador de si próprio. “É a verdade que está a ser contada”, podem afirmar. Contudo, é só mais um ponto de vista de quem conta. As notícias, como o conhecimento não são neutros. A força dos jornais será tanto maior quanto a transparência para os seus leitores acerca dos valores que o animam.
Não será demais afirmar que as ideias que se fazem sobre esse evento foram criadas com recurso a uma ideia de mundo ou de organização socioeconómica de um grupo dominante. Como poderá criar-se isenção e fomentar a credibilidade através da variedade de perspetivas, se se podem resumir a uns poucos a posse da grande maioria dos títulos nas bancas? Como se poderá confiança num meio que, à semelhança de qualquer outra empresa, precisa apresentar lucros ao seu acionista para conseguir sobreviver?
Mais do que criar entretenimento ou explorar (comercialmente) a emoção e dor de outras pessoas, os jornais, bem como qualquer meio informativo, poderiam afirmar-se e tornar-se referência se, de antemão, estiver claro que agendas procuram cumprir; quais os valores sociais que procuram difundir; quais os acionistas e, de que modo, estes influenciam as redações.
Não é aceitável que um punhado de empresas controle a esmagadora maioria de jornais de tiragem nacional, impedido o desenvolvimento de jornais regionais, mas também, procurando influenciar a opinião pública recorrendo a uma falsa diversidade de meios e mercantilizando a informação.