Esta é uma série baseada em factos reais. Assim começa cada episódio da série exclusiva da FOX, Fargo. Esta falácia presente no início revela imediatamente o humor negro subjacente à história. Baseado no filme cult de 1996 de Ethan e Joel Cohen, segue a personagem de Billy Bob Thornton, um homem sem escrúpulos que conhece o insatisfeito Lester Nygaard (Martin Freeman). Imediatamente a vida de ambos muda completamente numa série de incidentes ocorridos em 2006 que chama a atenção da polícia local. Depois de uma primeira temporada estrondosa, cheia de envolvimentos surpreendentes e interpretações de louvar, Fargo voltou.
A segunda temporada chegou como um dia de Inverno gelado e nevoso juntamente com o cheiro de pólvora e sangue no chão. Literalmente. Esta é sem dúvida a série mais improvável que já vi. Deixamos o ano fatal de 2006 e recuamos no tempo. As duas histórias podem parecer distantes, mas não são. Na primeira season, Lou Solverson comentou com a sua filha, Molly, que nos seus tempos de polícia investigou um terrível crime. Tal acontecimento é retratado na actual temporada, quando recuamos até ao ano de 1979. Governados pelo presidente Jimmy Carter, os Estados Unidos da América ainda se encontravam em período de Guerra Fria, onde é visível a ascensão de Ronald Reagan na política. No início o primeiro episódio, “Waiting for the Dutch”, é explicado um pouco do contexto histórico que se fazia sentir no país. Tal como foi referido por John Landgraf, presidente do canal, “as transformações culturais e políticas da época vão ser muito influentes para a história”.
Sioux Falls, South Dakota, Luverne e Minnesota são os espaços escolhidos para toda a história, numa temporada que promete ser mais ambiciosa do que a anterior. Como seria de esperar tudo começa com um crime. Três mortos foram encontrados num café e agora cabe ao novo agente Solverson (Patrick Wilson) conduzir a investigação. Num culminar de histórias, são ainda apresentadas novas personagens como o casal Blomquist. Penny (Kirsten Dunst), uma mulher ambiciona que vive “presa” na sociedade do seu tempo, e Ed (Jesse Plemons), um simples homem, com o sonho de ter filhos. Para completar, junta-se a poderosa família Gerhardt que terá de mostrar-se forte perante os seus inimigos. Três histórias completamente banais, com personagens que nada parecem ter em comum, mas em Fargo vão-se juntar.
O melhor desta temporada são: a técnica em split screen que torna a essência dos anos 70 bem mais real e o guião bem estruturado. Os diálogos são tão genuínos que os actores quase não precisam de se esforçar muito, agem apenas naturalmente. Realço a personagem de Kirsten Dunst, pois aprofunda o caracter irónico visível em toda a série.
Quanto ao pior, não há muito a dizer. A não ser talvez o facto de dificilmente ultrapassar a temporada anterior, a nível de qualidade de narrativa. Dificilmente a personagem de Lorne Malvo será esquecida.
Concluindo, Fargo é uma série de crime, repleta de humor negro, é audaz, inteligente e ainda consegue ser engraçada. Qualidades por vezes difíceis encontrar na televisão.