Quarteto Fantástico

Em 2005, quando surgiu o Quarteto Fantástico protagonizado por Ioan Gruffudd, Jessica Alba, Chris Evans e Michael Chiklis, a crítica especializada repeliu, na sua maioria, o resultado. Muitos apontavam para a falta de qualidade das actuações de Gruffudd, ou Alba e outros para a caracterização. Em 2007, com o mesmo elenco e, principalmente com o mesmo realizador – Tim Story -, Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado fracassou. Em 2015, substituiu-se tudo. Mudaram os actores e a equipa técnica, mas manteve-se a tão comum história.

Quarteto Fantástico das versões de 2005 e 2007

Qualquer fã de BD, seja da Marvel, ou da DC Comics, depreende o quão vulgar é este quarteto. Um homem elástico, outro fogo, outro rocha e uma mulher invisível não são novidade, ou melhor que qualquer outro herói. Se Os Vingadores de Joss Whedon não tivesse sido realizado poderíamos esperar menos deste grupo, mas as expectativas estavam no topo. Nenhum deles, à partida, tem poderes, considera ter apenas o seu ADN alterado, mas há um poder evidente em toda a dinâmica da película, o poder do estúdio.

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O novo quarteto

A 20th Century Fox, o mesmo estúdio por detrás de X:Men – Dias de um Futuro Esquecido, não quer abrir mão destas personagens e entregá-las à Marvel – aqui só tem a sua marca associada, não produziu o filme -, talvez pelo merchandising que visa alcançar. Infalivelmente, torna-as instrumentos das suas políticas. Algo que molesta o menor fã do género.

Não é que o elenco seja totalmente má escolha. Miles Teller (protagonista de Whiplash – Nos Limites), Kate Mara (de House of Cards), Michael B. Jordan (Fruitvale Station – A Última Paragem) e Jamie Bell (Billy Elliot e As Aventuras de Tintin: O Segredo de Licorne) são quatro dos mais promissores jovens actores de Hollywood, porém, não salvam a mediocridade do carácter do quarteto. Para ser honesto, a força, segundo o trailer, não está realmente nos números, está nos nomes.

Este é daqueles filmes em que o suspense existe apenas para os que não conhecem o enredo. Muitos espectadores já sabem o que está reservado para o final. Passam a desenrolar-se acções totalmente corriqueiras, sem nos deixar de queixo caído, ou de coração aos saltos. Nem mesmo os primeiros minutos, de teor infanto-juvenil, são suficientes para conhecermos verdadeiramente qualquer personagem.

Alvo de alguma sátira sejam talvez os erros de raccord, perceptíveis até ao espectador mais inquieto.

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Kate Mara e Miles Teller como Sue Storm e Reed Richards

Nem tudo é tão péssimo assim. O romance entre Reed e Sue não existe, mas uma química bem conseguida de Teller e Mara poderá conduzir a um futuro (mais) promissor. Outra mais valia é a não rivalidade de Johnny e Ben, centrando-se mais na amizade deste último com Reed. Cada personagem é bem defendida pelo respetivo intérprete, mas não consegue fugir ao ‘vilão’ que os manipula.

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Doom

O único elogio à realização de Josh Trank é a sua capacidade em coordenar cinco actores (e não exclusivamente quatro) – juntemos Victor van Doom, sobretudo, pela versatilidade do actor Toby Kebbell. O maior erro talvez seja a existência de outra personagem, que se torna excessiva, em todas as cenas que surge – o doutor Franklin Storm. O pai de Sue e Johnny é mestre dos discursos, revelando qualquer cena ainda mais cliché do já pressentido. O problema não é do actor que o interpreta, Reg E. Cathey, mas do argumento. A certo ponto, a personagem diz que coloca toda a sua fé nestes miúdos e nós espectadores fizemos erradamente o mesmo. Pensávamos que seria estrondoso, não foi desta.

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Reg E. Cathey como Dr. Franklin Storm

Neste Verão, que mais uma vez não é nenhum mar de rosas, estamos diante daquilo que poderíamos esperar para o filme estreado em Agosto: acção, aventura e muitas pipocas. Serve para dar um pequeno mergulho como fez na praia. Vale mais a pena para clarificar as suas distinções de bom e mau filme. Fica a sugestão.

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