Posso estar a repetir-me, mas a realidade a isto me força. O auto denominado Estado Islâmico (EI) é um produto do Ocidente. Ou melhor, é fruto da colonização moderna do Ocidente, que pretende criar no Médio Oriente uma espécie de “autoestrada” para o ouro negro e, ao mesmo tempo, contribuir para a hegemonia militar de Israel. Vamos por partes.
Como surgiu o Estado Islâmico? O dito foi o “pus” de um dos vários abcessos criados por uma terrível infecção de nome “Primavera Árabe”, que devastou o Médio Oriente e não só. Dito de outra forma, os Talibãs da Al Qaeda e outros da mesma índole, já tinham tentando criar o seu Estado e foram bem-sucedidos até terem sido expulsos do Afeganistão. Tentaram depois uma breve incursão na Líbia, mas não tiveram sucesso, porque por aí o petróleo abunda. Seguiu-se depois o Egipto que esteve a ferro e fogo, mas também aí as incursões extremistas dos Islamitas acabaram por falhar.
Contudo, a Primavera Árabe não se tinha ficado por aqui. O golpe deferido pela dita foi muito profundo na Síria, país que muita “comichão” faz a Israel e aos seus Aliados. Ora, rapidamente percebemos porque razão os Ocidentais apoiaram as facções sírias que pegaram em armas para combater o Regime de Bashar al-Assad. Quando se fala aqui de facções sírias, temos de ter em conta os ditos “moderados” (como se alguma vez o fossem) e os “radicais” (estes últimos oriundos do estrangeiro, na sua grande maioria).
Rapidamente se começou a propagandear a bondade dos Rebeldes que combatiam um Regime Demoníaco, que tinha sempre mantido fora do círculo do Poder termos como “Guerra Santa” e outras coisas tais de que os Radicais são defensores. Pensavam os Líderes Ocidentais, que o conflito sírio seria rápido e indolor. Foi com este pensamento que se armou e treinou os Rebeldes, não se olhando a quem, nem a meios para tal. Sucedeu que, no meio desta loucura, armou-se, treinou-se e deu-se a conhecer todas as tácticas de combate a elementos que hoje em dia fazem parte do Estado Islâmico. Foi o princípio do precipício da estupidez.
Digo o princípio, porque o próximo capítulo desta triste história, se não fosse tão sério, seria hilariante.
Existe um Iraque que foi tomado de assalto e à revelia da Comunidade Internacional. Não foi nada difícil aos “Rebeldes” da Síria verem as suas fileiras aumentadas por defensores do regime de Saddam. Os “Rebeldes” e Defensores de Saddam tiveram acesso a armamento do exército iraquiano, que, perante a invasão dos tais de “Rebeldes”, se colocou em fuga.
Com a tomada de parte da Síria e do Iraque pelos “Rebeldes”, criou-se aquilo que os Islamitas designam por Califado. Um nome perante o qual a Imprensa do Ocidente até achou uma certa piada. Mais tarde, o Califado passou a chamar-se Estado Islâmico (EI) e, a partir daí, foi o ai Jesus!
A coisa piorou e, pelo que se vai vendo, vai piorar ainda mais. Isto, porque o território que se auto denomina de Estado Islâmico tem um nome e um Povo. Chama-se Curdistão. Dentro do Curdistão temos os Curdos Iraquianos e Sírios, que tinham e têm uma convivência pacífica com o Iraque e a Síria. Já os Curdos da Turquia têm levado a cabo acções violentas, no sentido de se imporem como um Estado, e por aqui se percebe a razão pela qual os Turcos não estão muito interessados em entrar em conflito com os Combatentes do EI. Isto, apesar de os mesmos fazerem parte da Coligação Internacional liderada pelos Estados Unidos da América, que faz de conta que combate o Estado Islâmico.
Perante este problema, a Comunidade Internacional teve uma brilhante ideia de levar a cabo um armamento compulsivo dos Curdos… Não será preciso recordar que o Curdistão é um país fragmentado entre a Síria, a Turquia e o Iraque, para se perceber o que vai acontecer, quando o Estado islâmico desparecer do mapa, pois não?