Na minha adolescência, quando queria aceder à Internet tinha que desligar o cabo do telefone e ligar um cabo com conetor ao computador. Ouvia-se um barulho estático, uma espécie de toque de chamada, et voilá, aparecia um motor de busca com informação disponível a troco de um clique e de impulsos que o meu pai controlava acerrimamente ao fim do mês.
A quem atravessou a adolescência ao mesmo tempo que surgiu a Internet, os nascidos entre o início da década de 1980 a 1995, designamos por millenials, ou seja, aos que no novo milénio ao mesmo tempo que aprofundavam o conhecimento pessoal sobre o seu próprio corpo exploravam as potencialidades da Internet.
São millenials os que cresceram a acreditar que não havia barreiras físicas, que tudo é alcançável, os que criaram a expectativa de conhecer outras culturas pela informação que beberam na Internet e os que se libertaram das amarras físicas da estabilidade com que viram e veem os seus pais amordaçados.
Os millenials não são mais que a quebra de um ciclo, que promove um novo ciclo. Os millenials são fruto da abundância, do conceito de gestão controlada e empréstimo e estão inaptos a palavras como o sacrifício. Aceitam a diferença camuflada, mas continuam a acentuá-la, e têm sempre uma tecnologia topo de gama por perto e on.
Os millenials são os que procuram experiências para partilhar e às vezes querem tanto partilhar que nem desfrutam da intensidade da experiência.
São coletores de experiências, donos de listas de coisas a fazer. Os millenials são organizados e focados em objetivos a curto prazo, dispensam as poupanças bafientas (que ninguém os julgue tendo em consideração os juros) e procuram o último grito da moda:
“Se existe, eu posso ter!”
E nada tem de errado esta nova forma de estar. Procuramos sempre o que ainda não atingimos. Os nossos pais procuraram a estabilidade depois de terem crescido num ambiente de sacrifício, os nossos filhos procuram a satisfação imediata, dado que crescem com toda a oferta possível e imaginária disponível.
Os millenials serão substituídos pelos filhos:
“Se existe, eu quero ter!”