Edimburgo – entre a chuva e os fantasmas

Ser mãe é querer uma pausa dessa missão de vez em quando, e quando a temos, morrer de saudades dos pequenos terrores!

Portanto, ser mãe é ser sempre um bocadinho bipolar.

De 07 a 10 de Dezembro estive em Edimburgo, pausa para a mamã e para o papá para recarregar baterias, dormir e passear muito!

Chegámos com uma chuvada de bradar aos céus, frio e vento, mas, o que tem de ser tem muita força e lá fomos nós descobrir a cidade. Andámos o dia todo à chuva, ao vento e ao frio!

A boa da Susana, esperta como tudo, planeou tudo muito bem e foi apetrechada com a power bank para que nunca faltassem as fotos e os filmes, o problema foi quando percebeu que a dita estava na mala, mas o cabo tinha ficado no hotel! (Parte da minha boa memória ficou naquela sala de partos…!) Nada de desesperar, tiro as fotos com a máquina, que também veio a reboque – só que não – porque todas as fotos tiradas com a máquina ficavam cheias de marcas das pingas de chuva. Estava a correr às mil maravilhas, portanto.

Tive mais de um mês para decidir o que levar calçado para optar por umas botas de pele… pois é, botas encharcadas, pés molhados e uma corrida à Primark mais próxima (que mais parecia um centro comercial) para comprar umas botitas!

Não atinei, nem por nada, com os autocarros lá do sítio, nunca sabia qual é que ia para o meu hotel, sendo que a coisa começou logo assim que saímos do aeroporto, dissemos onde precisávamos ficar e o motorista borrifou para a nossa saúde, de maneiras que em vez de demorarmos 20 minutos, demorámos 1h30 porque fizemos o percurso duas vezes! Optámos por andar a pé!

No entanto, Edimburgo é uma pequena maravilha à espera de ser descoberto, as pessoas estão sempre disponíveis para ajudar (ainda que debaixo de chuva) são prestáveis e simpáticas.

A cidade está dividida pela old town e new town, nós começamos pelo Castelo de Edimburgo, que é o ex-libris do sítio, imponente e visível por quase toda a cidade, erguido sobre o cume de um vulcão extinto há mais de 300 milhões de anos – o Castle Rock – o castelo é o grande destaque da cidade. Consta que está assombrado, facto comprovado por estudos feitos há uns anos pela Universidade inglesa de Hertfordshire, o que não será um total espanto quando falamos, também, da cidade mais mal-assombrada do mundo.

Entre a peste negra, os inúmeros prisioneiros capturados nas guerras – incluindo doze piratas do Caribe – e bruxas julgadas e queimadas na esplanada do castelo no século 16, foram muitas as mortes que esta cidade assistiu. Inclusivamente, durante a peste negra, foram erguidos muros em determinadas zonas da cidade para impedir que as pessoas que lá estavam saíssem e propagassem a doença, acabando por morrer isoladas.

Ainda na temática do misticismo e do paranormal, existem túneis que foram construídos no final do século XVIII para servirem de locais de armazenamento de produtos proibidos, no entanto, com a Revolução Industrial, acabaram por ser habitados pelos sem-abrigos ou classe baixa. É por este motivo que é chamada de cidade subterrânea, embora nunca tenha existido uma cidade por baixo da actual.

Desde prostitutas, violações, mortes, tráfico de cadáveres que seriam utilizados em experiências médicas, lutas de galos e de cães ou outros degredos, tudo era permitido nestes túneis, devido ao seu secretismo, pois só em 1985 quando os mesmo foram descobertos, se contatou que haviam sido habitados.

Tivemos acesso a estes relatos enquanto passeávamos nos túneis, à espera de sermos – quiçá – assombrados por alguma destas almas penadas. Existem várias empresas que se dedicam ao lado sobrenatural da cidade e vendem viagens deste género – ghost tours – estas podem ser feitas a pé pelos túneis (a que fizemos), de autocarro e também pelo cemitério.

A tour não é especialmente surpreendente porque, ainda que não queiramos, vamos com expectativas elevadas de presenciarmos algum fenómeno paranormal. Connosco não aconteceu, mas quem nos fez a visita contou relatos de quem sentiu ou viu mais do que ali deveria estar. Eu, tenho para mim que, com tantas noites sem dormir à conta da minha filha, os ditos ghosts olharam para as minhas olheiras e acharam que fazia parte do mundo deles…!

Ao longo da Royal Mile, que é a rua mais visitada da cidade, encontramos comércio, restaurantes, museus e ruelas que levam a outras ruas tornando-a confusa, mas fascinante, visitar essas ruelas é mesmo um dos roteiros mais apreciados pelos turistas.

Tem uma arquitetura magnífica onde encontramos vários monumentos para visitar, tais como St. Giles Cathedral, Parlamento, Palácio de Holyrood, Scott Monument e Greyfriars Bobby. Este último é uma estátua de um cão da raça Skye Terrier, que passou 14 anos a guardar o túmulo do seu dono, até à sua própria morte.

Mas não só de monumentos e histórias assombradas é feito Edimburgo, quem visita pode também contar com paisagens deslumbrantes como o Arthurs Seat e Calton Hill.

Como sou apreciadora da natureza e nem tanto da cidade, deslumbrei-me com Dean Village, uma pequena vila dentro da cidade, onde passa um rio e nos podemos perder ao longo do mesmo, unicamente a apreciar a natureza envolvente.

Outra das atrações principais de Edimburgo é um café, mas não é um café qualquer, é o The Elephant House, que terá sido onde a J. K. Rowling escreveu os primeiros capítulos do Harry Potter. É também muito fácil de identificar – até para quem não é grande fã da saga, como eu – as inúmeras referências dos livros espalhadas pela cidade.

Para quem vai com vontade de fazer umas compritas, há lojas para todos os gostos e zonas propícias a esses gastos, tais como Princess Street ou Grassmarket, no entanto, para quem viaja de Portugal com Euros convertidos em Libras, a vida em Edimburgo não é barata, 3 ímans para o frigorifico custam 10£, uma refeição a dividir por duas pessoas com um sumo ou água custa, em média, 35£ e dois chás pequenos e uma dose de 4 panquecas custa 12£, portanto, preparem as carteiras!

Gostaria de dizer que vim de Edimburgo renovada, mas estaria a mentir, pobre continua a fazer viagens de 3 dias pela Europa porque não tem liquidez para mais, faz mais km a pé nestes dias do que o resto do ano na terrinha, chega ao hotel e toma banhos de 20 minutos com água a ferver (desculpa Greta) e antes sequer de pensar em ir para a night curtir um som e beber um copo já está arreado na cama e capaz de morrer p’rá vida!

Para além de tudo isto, cada vez que via um bebé, dava-me um aperto no coração e um pequenino nó na garganta e só pensava em abraçar a minha pequenina, apesar de saber que esse sentimento duraria o tempo aproximado da chegada da primeira birra, e da minha pessoa a tentar lembrar-se que foi de férias porque precisava de uma pausa!

Ainda assim, viajar, sair de casa, respirar outros ares é sempre muito bom e recomenda-se!!

Boas viagens!

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