No outro dia li no Facebook (que se transformou num veículo de propaganda de notícias e ideologias digno de colocar Josef Gobells chefe da propaganda Nazi a dar dois pinotes no caixão) que se existem estados que são massacrados com o flagelo do terrorismo nas suas formas mais macabras e medievais (sendo o destaque dos “loucos” dado todo aos guerrilheiros do Estado Islâmico, EI ou DAESH é tudo a mesma coisa sendo o freguês escolher o nome que acha mais pomposo), o nosso pequeno burgo têm nos media e na coscuvilhice o seu principal mal. E tal como um bando de velhinhas que discute o resumo das novelas ou o taxista que sabe o nome de todos os jogadores da seleção nacional desde 1960 (não recuemos mais no tempo pois isso ia dar uma dor de cabeça desgraçada aos Ruis Malheiros deste país, mesmo acreditando que eles saibam tudo sobre o jogo em que 22 homens em calções correm que nem doidos atrás de uma bola), desde o dia 4 de Outubro que dez milhões de almas dão a sua opinião sobre a politica nacional.
Devemos virar à esquerda?… O código da estrada dá preferência a quem vem da direita. Dá o código e o Chefe de Estado que no último discurso que fez à nação mais se assemelhou a um Rambo de peito à mostra, fita vermelho na cabeça e Kalashnikov nas mãos pronta a metralhar os vermelhos deste país (e não, não me estou a referir aos adeptos do Benfica que esses, coitadinhos, não fizeram mal a ninguém).
Nesse dia ia no autocarro, mas acompanhei o discurso à nação pela rádio. Desse discurso tirei duas conclusões. A primeira é que alguém devia dar aulas de dicção ao senhor pois ele comeu metade das palavras do discurso, mas eu compreendo. Devia estar cheio de fome e não havia bolo-rei ali à mão. Mas se o problema não era a fome, aconselho aulas de dicção. Os jornalistas e os actores costumam tê-las (podia pedir ajuda à Catarina Martins, afinal ela é actriz… ah! Erro o meu e nessa noite deixou bem claro que a queria longe dele e do “poleiro”, que acaba por ser a mesma coisa).
O que podemos tirar dessa comunicação é que já temos governo. Pedro Passos Coelho foi indigitado para chamar os amiguinhos para mais um jogo com a duração de quatro anos. A geopolítica internacional (outra das minhas paixões) é semelhante a um jogo de xadrez onde nós, o belo do Zé Povinho, somos os peões.
Quando todos pensávamos que já conhecíamos as caras dos próximos ladrões… desculpem, dos próximos governantes, o jogo volta a virar.
Se Cavaco Silva baseou a sua decisão com o facto de nos últimos 40 anos os partidos que formam governo são aqueles que ganham eleições, o dia seguinte serviu para quebrar a tradição. Pela primeira vez foi eleito um Presidente da Assembleia da República que não é membro do partido que ganhou as eleições. Eduardo Ferro Rodrigues é a segunda (ou terceira.Agora estou com dúvidas) maior figura do Estado e no discurso de tomada de posse deixou várias indirectas ao, ainda (em Janeiro já vamos ter outro, por isso relaxem), Presidente da República e, por meias-palavras, deixou um aviso aos partidos do arco da governação. Fernando Negrão, do PSD foi chumbado e os deputados de esquerda (encabeçados pelo grupo parlamentar do PS) dizem que a próxima coisa a cair no parlamento é o governo do duo dinâmico Passos-Portas. Se for verdade, o governo de coligação tem uma esperança média de vida de apenas quinze dias.
O que acontecerá de seguida?
Ninguém sabe.
Tudo está nas mãos do herói da nação, do orgulho da pátria lusa (tirem das vossas cabecinhas a lista de nomes que estão ai a pensar, pois não é nem o Cristiano Ronaldo ou a Sara Sampaio que nos vão tirar desta embrulhada)… Anibal Cavaco Silva! Se tudo der para o torto (que é o que a minha bola de cristal deixa antever mas como não sou a Maria Helena nem prevejo o futuro, pois se o fizesse já tinha ganho o Euromilhões e tinha “bazado” daqui para fora), em meados de Novembro voltará a ouvir os partidos. Aqui a Constituição diz que se o primeiro partido mais votado não tiver condições para formar o governo, pede-se ao segundo. Só que o PS só pode ter esperanças em formar governo se usar como muletas o PCP e o BE. Portugal teria assim uma nova troika. Deixávamos de ter o FMI, BCE e o Banco Mundial a mandar em nós e passaríamos a ter Costa Martins e Sousa (o que para alguns iria fazer com que os primeiros voltassem a vir assentar arraiais no Terreiro do Paço). Estes partidos ainda andam em negociações e os seus líderes já falam como estadistas.
E depois temos sempre a terceira via, que, se formos seguir o discurso de Cavaco Silva à risca (o pior é que nem ele é congruente com o que diz), é o mais provável de acontecer, um governo de iniciativa presidencial (a Itália e a Grécia já os tiveram, enquanto a Bélgica foi capaz de viver quase dois anos sem governo. Esta situação seria catastrófica para Portugal, já que aqui reina o velho ditado: “casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão”). Este governo seria um governo de gestão para a (pouca) credibilidade que nos resta nos mercados internacionais até Junho, altura onde poderia acontecer novas eleições legislativas com, também, um novo presidente. Marcelo Rebelo de Sousa já veio a dizer, na “Voz do Operário”, que o presidente não pode deixar “pepinos” para o seu futuro sucessor resolver (este aqui já se está a ver em Belém).
Querem uma continuação desta história? Basta esperarem pelas cenas do próximo episódio desta telenovela que se transformou a política nacional. Esta novela promete ser longa e com temporadas, ao melhor estilo das da TVI.
PS: Eu tinha feito outro texto, bem bonitinho, sobre o tema mas como isto muda todos os dias, decidi mandar o outro “às urtigas” e fazer um novo. O que pode acontecer é na altura deste texto ser publicado já esteja um pouco desactualizado.