Diferentes terminologias para as consequências do aumento das emissões de carbono

Acho que não há dia em que nas conversas de café, na comunicação social ou nas redes sociais não surjam tópicos associados ao aquecimento global, alterações climáticas ou crise climática.

Imaginemos uma conversa de circunstância: o tema desbloqueador é recorrentemente o tempo, como por exemplo, a constatação empírica que as temperaturas estão mais elevadas que as habituais para a época. Há sempre o informado que cita as notícias da atualidade relacionadas com alterações climáticas, emergência climática ou crise climática.

O cético do clima argumenta que desde a formação do planeta Terra, há 4,5 mil milhões de anos, o clima tem oscilado entre períodos quentes e períodos glaciares. O ambientalista de serviço complementa esta observação referindo que estes ciclos, que implicam variações dos padrões meteorológicos como a temperatura, os níveis do mar e a precipitação, duraram sempre dezenas de milhares ou milhões de anos. Contudo, nos últimos 150 anos (era industrial), as temperaturas aumentaram mais rapidamente do que nunca.

O cientista refere que, em termos de terminológicos, ambos têm razão, porque se estão a referir ao fenómeno físico que ocorre de maneira natural ou induzida pela ação humana. Acrescenta a menção ao aquecimento global como o principal impacto resultante do aumento das emissões de gases com efeito de estufa geradas por atividades humanas relacionadas com a combustão de combustíveis fósseis, a agricultura e a desflorestação.

O aumento da temperatura do planeta está a gerar efeitos nefastos nos ecossistemas. É preciso colocar os holofotes sobre esta ameaça para a vida na Terra tal como a conhecemos hoje pelo que se introduziu a terminologia crise climática – o uso da palavra crise pretende alertar a sociedade para a sua quota de responsabilidade. Afinal, é cada vez mais recorrente surgirem notícias associadas a fenómenos extremos, com consequências nefastas, como tempestades, secas, vagas de calor e incêndios florestais.

Numa tentativa de forçar os governos e empresas a reconhecerem emergência climática que se vive, há cada vez mais manifestações a alertar para a urgência da adoção de medidas que impliquem a drástica redução das emissões de gases com efeito de estufa geradas pelas atividades antropogénicas.

Se é verdade que se deverão usar termos como crise e emergência climática para acionar as campainhas de alarme dos governos, empresas e cidadão comum, também se deve, como em tudo na vida, equilibrar o uso para não banalizar esta ameaça que assola o planeta Terra ou gerar um sentimento de que a situação é tão catastrófica que já não há nada a fazer.

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