«I’m women’s rights. I have as much muscle as any man and I can work as hard as any man. I’m as strong as any man. If women drink beer from a mug and men from a keg, why can’t they have a full mug? You don’t need to be afraid to give us our rights for fear that we will drink too much, as we won’t be able to drink more than what fits in our mug.»
Ain’t I a Woman? – Sojourner Truth
«Fingem-se de mortas para evitar o sexo, é assim que as rãs fêmeas se protegem dos machos.» – Li esta notícia hoje. Sabiam que quando um casal tem problemas em ter filhos, no geral, continuam “a apontar o dedo” apenas à mulher? São as mulheres que passam por exames e tratamentos de fertilização. Apesar de estimar-se que os homens produzem 2000 milhões de espermatozoides por dia enquanto as mulheres a cada bebé que nasce têm 150 mil óvulos, a maior parte desse esperma não tem capacidade para reproduzir e, como se costuma dizer «mais vale pouco e bom, do que muito e ruim», por isso, normalmente, o problema está nos homens. No entanto, o homem nem sempre tem interesse em sujeitar-se a tratamentos, porque ou tem o ego elevado ou tem vergonha se por acaso se vier a confirmar que o problema possa estar nele.
Infelizmente, a mulher ainda é vista como tendo a obrigação de ser mãe, por isso, todas as questões relacionadas com o assunto, na maioria das vezes, deve ser ela a resolvê-las. Também existem pílulas anticoncecionais para o sexo masculino, mas é mais frequente serem as mulheres a tomá-las, porque se engravidarem ou abortarem, são elas que serão responsabilizadas pelas escolhas que tomarem. As mulheres ainda são vistas como “propriedades”. Devem manter a reputação para que não sejam criticadas pela sociedade. Ainda existe o preconceito de que não devem sair de casa à noite sozinhas porque podem ser raptadas ou violadas, principalmente se forem com um decote ou uma saia mais curta, mas o que os machistas não compreendem é que «It’s a dress, not a yes!»
O mundo como o conhecemos hoje e muitos dos seus aspetos que para nós até parecem básicos ou normais nem sempre foram a realidade. Existiram sempre dias ou uma sequência de acontecimentos que mudaram certas perspetivas. Apresento-vos um top de doze mulheres que mudaram a História e impulsionaram a conquista da igualdade de género, inspirando outras mulheres a continuar a luta pela justiça, lembrando que com coragem pode superar-se qualquer obstáculo:
- Isabel I – Rainha que apoiou o teatro e permitiu que as mulheres representassem em palcos, já que as personagens femininas eram interpretadas por homens até então, abrindo oportunidades às mulheres nas artes e na indústria do entretenimento.
- Susan B. Anthony – Uma das líderes do movimento do sufrágio feminino, dedicou-se à luta dos direitos das mulheres, garantindo-lhes o direito de votar.
- Marie Curie – Cientista, primeira mulher a receber Prémios Nobel e a única pessoa a receber em duas áreas diferentes – física e química, campos predominantemente masculinos. As pesquisas pioneiras sobre a radioatividade e a descoberta de dois elementos químicos – o rádio e o polónio – demonstraram que as mulheres são tão capazes quanto os homens. Marie inspirou as mulheres a seguir carreiras científicas e a igualdade de oportunidades na ciência.
- Coco Chanel – Estilista que quebrou as normas de moda da época, introduzindo roupas confortáveis e elegantes para as mulheres. As influências continuam a ser sentidas até hoje: introduziu peças como o tailleur (fato com blazer) e o little black dress (vestido preto curto) que permitiram maior liberdade de movimento em comparação com os trajes apertados e ornamentados do início do século XX; incorporou o uso de tecidos masculinos em roupas femininas, como o tweed e popularizou o uso de calças para mulheres, que até então eram consideradas inapropriadas. Considerada uma empreendedora bem-sucedida com independência financeira e influência no mundo da moda demonstrou que as mulheres poderiam alcançar o sucesso. A atitude não convencional em relação ao casamento e a luta pela própria carreira inspiraram outras mulheres.
- Amelia Earhart – Uma das primeiras mulheres a obter licença de piloto e a primeira mulher a atravessar o Atlântico sozinha, encorajando mulheres a alcançar carreiras não tradicionais e em áreas dominadas por homens, incentivando-as a seguir os próprios sonhos.
- Frida Kahlo – Pintora cujas obras exploraram e representaram a experiência feminina: a dor, a sexualidade, o corpo e temas tabus como aborto e maternidade; rompeu estereótipos através da arte e não se conformou com os padrões convencionais de beleza e moda da época (usava trajes tradicionais mexicanos, exibindo autenticidade e orgulho).
- Simone de Beauvoir – Escreveu um livro onde argumenta que a mulher é definida como o “outro” em relação ao homem e que essa diferenciação perpetua a desigualdade (o livro tornou-se fundamental para as bases do movimento feminista). Como filósofa existencialista, argumentou que as mulheres não devem ser definidas por biologia, mas pelas escolhas de existência, enfatizando a importância da liberdade individual. A parceria e relacionamento com o filósofo existencialista Jean-Paul Sartre promoveram ideias que também desafiaram as normas de género, incluindo a ideia de relações de casal baseadas na igualdade.
- Ruth Handler – Cofundadora da empresa de brinquedos Mattel, Inc. e criadora da famosa boneca Barbie, um dos brinquedos mais icónicos e que influenciou a cultura popular. Embora a boneca tenha sido criticada por promover estereótipos de beleza irreais e normas de género tradicionais, tentou sempre adaptar-se às mudanças sociais e culturais para melhor representar as experiências das meninas e de maneira inclusiva, esforçando-se para diversificar a linha, oferecendo bonecas com diferentes tons de pele e formas corporais e promovendo uma visão mais realista das mulheres. Barbie não foi apenas uma boneca de moda, representou várias profissões (médicas, astronautas) incentivando a ideia de que as mulheres podem seguir várias áreas e desempenhar papéis profissionais importantes. Ruth é considerada um ícone do empreendedorismo feminino, em uma época que as oportunidades de negócios para as mulheres eram limitadas.
- Isabel II – A longevidade no trono simboliza estabilidade, o que pode ser visto como exemplo de liderança feminina e sob o reinado, ocorreram mudanças nas leis de sucessão ao trono britânico: antes a lei dava precedência aos herdeiros do sexo masculino sobre as herdeiras do sexo feminino, com o “Sucession to the crown Act 13” essa discriminação de género foi removida.
- Marylin Monroe – Atriz que diversificou os padrões de beleza convencionais: era loira, voluptuosa (em uma época em que a magreza era promovida como ideal) e sensual, mostrando que a sensualidade poderia ser uma qualidade poderosa. Representou a sedução e o desejo nas personagens, mas também como imagem pública, o que contribuiu para a emancipação das mulheres.
- Ursula von der Leyen – Política que ocupa atualmente o cargo de presidente da comissão europeia, a mais alta autoridade executiva da união europeia: nomeou uma comissão com equilíbrio de género com treze comissárias e catorze comissários e sob a liderança desta presidente, a comissão desenvolveu um plano de ação em toda a união europeia que inclui: fechar a discrepância salarial de género e aumentar a representação de mulheres em cargos de liderança.
- Malala Yousafzai – Ativista que luta pelo direito das meninas à educação. Nasceu em uma região onde o Talibã havia imposto restrições à educação das meninas e a ativista acredita que todas as crianças, independentemente do género, devem ter acesso à educação. Em 2012 foi vítima de um ataque, no qual foi baleada por defender este direito. Ela sobreviveu e tornou-se defensora global para chamar a atenção para a situação das meninas que enfrentam limites na educação. A fundação Malala, cofundada pela própria, garante que as meninas tenham doze anos de educação.
Estas mulheres desafiaram normas sociais, estereótipos de género e barreiras para abrir caminho para as gerações futuras. No entanto, apesar do progresso, ainda há trabalho a ser feito para garantir que todas as mulheres tenham igualdade de oportunidades e direitos fundamentais.
Nota: este artigo foi escrito seguindo as regras do Novo Acordo Ortográfico.
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