A tinta verde

Os famosos ataques de tinta, neste caso verde, são protagonizados por ativistas da Climáximo, organização que foi fundada em 2015 e que apenas em 2019 se assumiram de uma forma explícita e consciente. A mudança sistémica é a sua missão social e política, vivendo-se dentro do Climáximo um estado de emergência climática, e pretende lançar um processo profundo de reestruturação interna da sociedade. Organização esta que tem um plano intitulado de “Plano de Desarmamento e o Plano de Paz”, onde são reunidas as propostas formuladas e discutidas com o objetivo de travar o colapso social e ecológico.

Contudo, esta organização tem aparecido de forma regular na comunicação social pelas manifestações, reivindicações e de uma certa forma pelos incómodos que causam aos cidadãos.

Numa altura em que se celebra os 50 anos do 25 de Abril, é importante deixar bem claro e até para não ser mal interpretado que a manifestação é um direito dos cidadãos, mas não da forma que está a ser usada pelos ativistas climáticos na luta pelas causas que defendem.

Se fizermos um balanço de como os ativistas se fazem ouvir desde que apareceram na ribalta dos portugueses, encontramos em muitos dos casos uma constante: o desrespeito pela ordem pública.

Verificamos, então, alguns dos casos, começando pelo mais recente, o ataque ao líder do PSD, Luís Montenegro, quando este se encontrava na Bolsa de Turismo de Lisboa, na qual deixou bem claro que tem todo o respeito pelas pessoas que se manifestam e que defendem as suas causas, mas que se a ideia era transmitir a preocupação com as alterações climáticas e a sustentabilidade é muito mais fácil conversar. Recuando algum tempo, Fernando Medina e Duarte Cordeiro ambos do Partido Socialista também foram vítimas de ataques com tinta verde por parte dos ativistas climáticos. Este primeiro, quando estaria a presidir uma aula aberta na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, e, Duarte Cordeiro, Ministro do Ambiente, quando estava presente na abertura da CNN Portugal Summit.

Para além de se fazerem ouvir na base do “desrespeito” aos políticos da nossa democracia, estes ativistas também perturbam a vida dos portugueses. Digo, por exemplo, quando  interromperam o trânsito na Rua da Escola Politécnica, e não só mas também quando bloquearam o Túnel do Marquês de Pombal.

Quero deixar bem claro que algo tem de ser feito para travar o avanço das alterações climáticas, medidas têm de ser criadas e impostas,  mas mais importante ainda, a sociedade tem que meter a mão na consciência e pensar o futuro verde que pretendem.

Reiterando o que disse no início do artigo, a manifestação é um direito dos cidadãos num estado democrático, mas não na forma que está a ser usada. Os ativistas podem se fazer ouvir, sim, através da manifestação, mas não no desrespeito pelas instituições e pela ordem pública.

Repudio a arma de arremesso que estes ativistas estão a usar, mas concordo que algo tem de ser feito para contribuirmos para um planeta ainda mais verde.

Texto escrito de acordo com o novo acordo ortográfico.

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