Críticas, para que vos quero?

Os rótulos são tramados. Aqueles que outros nos colocam e os que nos colocamos nós mesmos. Somente dão jeito e, assumem alguma importância, os dos alimentos. E a crítica anda um tanto ou quanto de mãos dadas com os rótulos.

Contudo, a verdade verdadinha, é que nenhum de nós lida muito bem com esta coisa da crítica. Vá-se lá entender muito bem o porquê! Mas a verdade é o que sentimos quando somos expostos à crítica.

São muitas as teses, pensamentos, correntes, idéias, enfim, o que lhe quisermos chamar, defendidas, mas todas andam grudadas no facto de que se assumir a imperfeição não é tão natural quanto isso.

Queremos uma Vida perfeita. O companheiro ou companheira perfeitos. Os filhos perfeitos. O emprego perfeito. E tudo o que nos rodeie numa tal perfeição que nada saia desta tal linha. E, tudo siga alinhado e de acordo com esta tal ideia de perfeição. Obviamente que cada um tem a sua ideia de perfeição, mas assumir a imperfeição – ainda para mais aquela de que somos feitos – é uma situação danada. Pois, inevitavelmente, vamos comparar-nos com o outro e comparar toda a nossa vida e tudo o que dela faz parte. Quando, na verdade, esse é o nosso maior erro. Porque não há duas pessoas iguais. Não há situações iguais. Há semelhanças. Há espelhos de coisas e pessoas que nos mostram reflexos. E que, quando nos permitimos a isso, nos leva à nossa própria evolução, ao nosso próprio crescimento.

Lidamos mal com a crítica, mas somos os primeiros a apontar o dedo. E que incoerência esta! Porém, é mais fácil apontar o dedo do que olhar para dentro. Revelar a escuridão ou a sombra do outro é indolor. A nossa escuridão e a nossa sombra quando reveladas, dói. E, como tal, criticar é mais fácil. Ainda que, quando bem utilizada leve ao crescimento, normalmente somos bons a usá-la de forma menos positiva. O que também se trabalha e aprende. Ou seja, tudo pode ser resignificado, desde que estejamos verdadeiramente dispostos a isso. E, até a forma como criticamos ou como lidamos com as críticas pode ser transmutado. Desde que queiramos muito. Desde que façamos e procuremos caminhos diferentes daqueles que vão sempre dar aos mesmos resultados.

E aí a critica assume uma nova figura. Porque a crítica por si só não tem valor. Ela assume o valor que nós lhes damos e da forma como a utilizamos.

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