Há mais de 20 anos que conhecemos o Rei leão que nos lembrou do Ciclo da Vida, com o Timom e o Pumba descobrimos o conceito de uma vida de sonho: viver sem se preocupar com nada – ou com muito pouco – sem responsabilidades, pensando só em nós mesmos e viver em função das nossas necessidades.
Confesso, o Hakuna Matata é uma ideia maravilhosa onde só temos direitos e nenhuma obrigação, mas para mim não dá pois acredito realmente que a vida é um círculo onde cada um de nós deve assumir 100% de responsabilidade pelas suas acções. Talvez seja a Nala. É um bocado chato? Sim, porque isso nos trás obrigações (o que ninguém quer) e sobretudo uma responsabilidade social que nos consciencializa que vivemos numa aldeia global em que o comportamento de cada um de nós influência na saúde e comportamentos de todos.
E depois aparece o Scar, que não compreende e não aceita o Ciclo da Vida. É que ele nem é pró Hakuna Matata. Só vê a vida como um jogo de poder em que ele tem que ganhar sempre – dê por onde der. No conceito do Hakuna Matata vivemos todos numa espécie de mundo maravilhoso, com lentes cor de rosa onde está tudo bem para todos, independentemente do que se faça. Com o Scar só ele é que vive bem pois afinal de contas os leões estão e sempre estiveram no topo da cadeia alimentar. Cria conflitos entre uns e outros, não quer saber estamos todos ligados.
E então porque é que o Mufasa é um bom e invejado rei? O Mufasa é o rei tão admirado porque é sensato, entende que há um círculo que tem que ser respeitado, entende que uma girafa é tão importante como uma zebra no ciclo da vida pois ambas alimentam-se da mesma erva que brota da terra de um túmulo de um leão ou de qualquer outro predador.
E o Scar ignora tudo isso e convoca as hienas (que se importam muito menos porque comem o que lhes deram para comer). E dominam tudo porque matam a sensatez e o equilíbrio. Criam histórias e enredos tal e qual os Scars da nossa vida que querem constantemente impor a sua verdade como a única possível e exigem dos outros aquilo que não estão dispostos a dar. Tomam decisões em nome dos outros, decidem a vida de todos e quando alguma coisa sair fora o plano deles, os culpados são sempre os outros. Culpam as hienas e todos os outros animais. Os Scars da nossa era introduzem-se nos governos e tomam a pedra do reino, infiltram-se na saúde pública e convencem que o bem-estar de uma girafa é muito mais importante do que o de uma zebra e andam também por aí a passear a fingir que está tudo bem quando afinal têm doenças para espalhar. Os Scars actuais reclamam tudo o que existe, esteja ou não iluminado pelo sol, como seu e fazem-nos esquecer que todos vivemos nas terras deste grande reino e que fazemos parte deste grande ciclo sem fim.
É Urgente lembrar que cada um de nós temos que fazer a nossa parte para que os Scars não nos levarem por um caminho perigoso em que entregamos as nossas decisões, é urgente lembrar que é preciso manter o equilíbrio e a sensatez, é preciso lembrar que também nós somos importantes e responsáveis por todos. Sem dramatismos, sem teorias da conspiração e com respeito por tudo o que tem vida própria. Acredito que só assim, em conexão com todos, poderemos então seguir na nossa vida na Savana.