A Polónia pode-se orgulhar em ter visto nascer, no início do século XIX, um dos maiores compositores e pianistas da História. Frédéric Chopin é o seu nome, tão sonante como Mozart, Bach ou Beethoven, mesmo para quem não entende nada de música clássica. Para os entendidos na matéria, poucos músicos tiveram a habilidade de fazer “cantar” o piano como ele.
Como qualquer génio, as suas habilidades foram notadas ainda ele andava de volta das saias da mãe. Conta-se que, antes de aprender a escrever, já tentava compor melodias e que aos oito anos actuou pela primeira vez em público, já com músicas da sua autoria. Não é, por isso, de admirar que Chopin fosse conhecido como a “criança prodígio” e que, com apenas 15 anos, tivesse sido apelidado pela crítica como “o maior pianista de Varsóvia”.
O berço onde nasceu ajudou. Foi no dia 22 de Fevereiro de 1810 que veio ao mundo, na pequena cidade Zelazowa Wola. Filho de um professor de francês e de uma doméstica pianista, cresceu num ambiente, particularmente, voltado para a cultura. A sua primeira professora até foi a sua irmã, porém, assim que foram notadas as suas qualidades exepcionais foi colado nas mãos dos melhores professores, como Jozef Elsner , na época director da Escola de Música de Varsóvia. Aos poucos, começou a dar recitais para as famílias mais importantes da zona, ganhando, desta forma, fama pela Polónia fora como “o segundo Mozart”.
Apesar de ser um patriota convicto, o seu futuro não passava por terras polonesas. Paris, a cidade que respira cultura, estava-lhe destinada. Foi depois de Varsóvia ser invadida pelos russos, em 1830, que o músico se mudou para a capital francesa, onde conquistou fama e dinheiro, como intérprete, professor e compositor. Contudo, mesmo assim, nunca esqueceu a sua terra Natal, levando sempre consigo um vaso de prata cheio de terra da Polónia como prova disso.
A sua postura fina, elegante e gentil, ajudaram-no a ser facilmente aceite pela alta sociedade francesa. Entre os seus amigos, constatavam nomes como Liszt, Mendelsohn e Berlioz. O sucesso foi tal que conseguiu assinar contrato com a mais importante casa editorial da época, a Shlesinger.
Porém, a sua estadia em França não seria feita apenas de glamour. As paixões também o marcaram, sendo a mais polémica com a escritora Aurore Dudevant, que assinava as suas obras com o pseudónimo masculino de George Sand. Oito anos mais velha, divorciada e com dois filhos, proporcionava a Chopin a figura maternal que tanto precisava, longe da sua família. Foi durante esta acesa paixão que compôs algumas das suas mais importantes obras-primas: os 24 prelúdios, Polonaise em dó menor, Balada em fá maior e Scherzo em dó bemol menor. Os sentimentos entre ambos cederam com o passar do tempo a conflitos cada vez mais sérios e a separação tornou-se inevitável, após praticamente uma década juntos.
Depois disto, Chopin nunca mais voltou a ser o mesmo. Abandonou a composição por completo, destruiu várias partituras inéditas e a sua saúde, que já era frágil, piorou ainda mais. Acabou por falecer vítima de tuberculose, sozinho, endividado, em Paris, decorria o ano de 1849. Tal como desejava, o seu coração foi retirado e colocado numa urna na Igreja Santa Cruz, em Varsóvia.
Para a eternidade fica a sua música tão particular e exigente. Torna-se difícil definir por palavras o que se sente a ouvir Chopin. Como poucos, consegue tocar o mais profundo do nosso ser. Passados dois séculos, ainda é possível sentir na espinha a melancolia que tanto o caraterizava. Se, por um lado, as suas “polonaises” emanam um amor incondicional pela Polónia, por outro, a sua série de “nocturnos” elevam-nos para um mundo à parte. Como afirma o poeta romano Propércio, a glória de um génio é imortal e Chopin bem que a merece.
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